Volta ao Mundo em Filmes: Croácia – Sol a Pino

Muitas vezes, quando chega a hora de escolher um filme para representar um país, olho as listas de filmes em festivais de cinema internacionais. O representante da Croácia, Sol a Pino, de Dalibor Matanić, eu encontrei porque ele foi escolhido para a mostra Un Certain Regard, do festival de Cannes, sendo apenas o segundo filme do país a participar da seleção.

O filme conta três histórias em que um homem croata e uma mulher sérvia se apaixonam, em três décadas diferentes. As histórias acontecem de forma muito diferente, em parte por causa do contexto do país, que passa por uma guerra entre uma cena e outra, mas são sempre interpretadas pelo mesmo casal de atores, Tihana Lazović e Goran Marković. 

A primeira história acontece em 1991, entre Jelena (Lazović) e Ivan (Marković). O início é tranquilo, mostrando eles nadando em uma praia do Adriático, mas a gente logo descobre que muitas pessoas se opõe ao relacionamento. O principal obstáculo para eles é Saša (Dado Ćosić), o irmão de Jelena, que acabou de entrar para o exército sérvio, e ataca a irmã por se relacionar com “um dos outros”. As cidadezinhas onde eles moravam agora são divididas por uma barreira com militantes armados, e por isso eles percebem que tem que sair daquele lugar antes que a situação piore.

Não vou falar o que acontece na história dos dois, mas quem já teve a oportunidade de ler um pouco sobre a história da Croácia sabe que 1991 é o ano em que começa a guerra entre a Croácia e a Sérvia, que durou sete meses. Ela foi uma das guerras de dissolução da Iugoslávia, mais conhecida hoje pelo bombardeio de Dubrovnik, uma das cidades mais famosas do país. Eu contei um pouquinho sobre isso no post sobre a visita a um dos museus que conta essa história, o War Photo Limited. No filme, as casas destruídas também aparecem quase como uma vinheta, separando a primeira história da segunda.

A segunda história de passa em 2001. Nataša (Lazović) e sua mãe (Nives Ivanković) voltam para a casa onde moravam antes da guerra, agora em um estado muito precário. Elas contratam Ante (Marković), um marceneiro da cidade, para ajudar a reconstruir a casa. No meio tempo, Nataša visita o túmulo de seu irmão, morto durante o conflito. Ela se sente atraída por Ante, mas também sente como se tivesse traindo a memória do irmão, e por causa disso, e o trata com hostilidade.

A terceira história se passa em 2011, e começa com Luka (Marković), que volta da cidade onde ele estuda para passar uns dias no interior. Todo mundo o redor dele está preocupado com festivais de música, mas ele quer aproveitar a oportunidade para ver Marija (Lazović), uma antiga namorada que ele largou quando deixou a cidade, e não vê há anos.

Eu gostei bastante do filme. As três histórias funcionam bem para mostrar lados diferentes dos dois atores principais, que interpretam personagens muito diferente.s Elas também nos mostram três formas como a violência continua a afetar as vidas das pessoas que moram em um lugar. A Croácia do último episódio está mais próxima da Croácia dos nossos estereótipos, de rave na praia, do que uma zona de guerra, mas o que aconteceu lá não evaporou, continua a afetar as pessoas. Também achei interessante que todas as três tem cenas de pessoas nadando, em um país cuja história é tão marcada pela costa; Achei que foi uma ótima escolha para a Croácia.

Deixe uma resposta