Barbarestan – um restaurante baseado nas receitas antigas da primeira feminista da Geórgia

Eu sou apaixonada pela cozinha da Geórgia. Eu ia em restaurantes georgianos o tempo todo quando estava na Rússia, e foi até um dos motivos pelos quais o país estava tão alto na minha lista de prioridades. E lá posso falar que curti cada refeição, tudo que comi em restaurantes, como comida de rua, nas hospedagens, etc. Geralmente eu não vou em restaurantes mais chiques, que não combinam com meu orçamento, e principalmente não parecia uma prioridade em um lugar em que por alguns euros eu comia tão bem. Mas quando vi a história do Barbarestan, baseado nas receitas de primeira feminista da Geórgia, não resisti.

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O restaurante é baseado em um livro de receitas que Zviadi Kurasbediani, dono do restaurante, encontrou no mercado de pulgas da Ponte Seca de Tbilisi. Elas foram escritas no século 19 por Barbara Jorjadze, uma mulher nobre que escreveu um manual de cozinha com pratos que ainda são considerados o padrão da comida típica da Geórgia. Pratos como satsivi ainda são preparados basicamente do mesmo jeito do que na época. Ela ainda ensina pratos europeus, russos e do oriente médio. Quando a gente viaja, vê sempre os mesmos pratos nos restaurantes típicos, talvez com uma ou outra especialidade ou prato local. Mas o livro tinha dezenas de receitas que Kurasbediani, que trabalhava como chef há décadas, nunca tinha visto. Algumas receitas tinham se perdido no tempo, e o livro era como uma cápsula para outra época da culinária da Geórgia. As receitas georgianas do livro foram adaptadas e modernizadas pelo chef Levan Kobiashvili.

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Jorjadze, uma princesa georgiana, aprendeu a ler com sua babá, uma camponesa que sabia ler. Ela foi casada pela família quando tinha doze anos, tão criança que ela achou que era tudo um jogo. Quando um morcego voou para dentro da igreja, ela tentou persegui-lo e quase interrompeu a cerimônia. Mas ela era apaixonada pela leitura, e conseguiu entrar em espaços ainda muito restritos para mulheres. Ela escreveu poemas e peças, e participou de debates sobre a modernização da língua georgiana. Ela também escreveu tratados sobre os direitos da mulher, e que é considerada a primeira feminista da Geórgia. Ela escreveu muito sobre a situação das mulheres no século XIX, mantidas na ignorância e depois culpadas por serem ignorantes. No entanto, ela sempre foi mais conhecida pelo livro de cozinha que por esse papel, que está apenas começando a ser mais conhecido. A Biblioteca Nacional da Geórgia acaba de inaugurar uma Sala de Leitura com o seu nome, que também é dedicada a outras escritoras e intelectuais georgianas. 

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O restaurante tem uma atmosfera que me lembrou bem do que eu tinha lido sobre ela. Ele é decorado para fazer referência ao século 19, com cerâmicas e bordados tradicionais. O garçom que me atendeu começou contando um pouco da história do lugar, e me trouxe o livro de receitas em uma caixinha de vidro. Ele também ofereceu explicações sobre todos os pratos. Eu peguei uma entrada do menu de verão, a Berinjela georgiana, com cogumelos, óleo de trufas, caviar de berinjela e pesto e alho selvagem. Foi um dos meus pratos preferidos em toda a Geórgia.

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Depois, no prato principal, peguei o Pato com molho branco, que vinha com purê de cenoura e pera e cebolas e peras caramelizadas, que foi outro prato maravilhoso, principalmente para quem, como eu, ama pato.

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Para falar dos pontos práticos, eu pedi só essa entrada, prato principal e uma água com gás, e paguei 87 Lari, o que é em torno de 27 euros. Isso foi mais do que eu gastei em média por dia na Geórgia, então definitivamente foi extravagante, mas achei que foi bem mais barato do que um restaurante com essa fama seria no Brasil, e curti muito a experiência.

Então para quem for para Tbilisi, recomendo, e clique na imagem para quem quer ler mais sobre a Geórgia.

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