Volta ao Mundo em Filmes: Gabão – Os tam-tams se calaram

Chegou a hora de procurar um filme para o Gabão, e li algumas sinopses, e me interessei por Os Tam-Tams se calaram, de Philippe Mory.

O filme conta a história de Abraham (Philippe Mory), que volta para o Gabão depois de fazer serviço militar na França. Ele trabalha como escultor em uma cidade, mas volta para o campo para participar da cerimônia funerária de seu pai. Quando chega, ele vê três mulheres trabalhando em uma plantação e logo pergunta se elas não sabem que não é mais preciso trabalhar assim, agora que a civilização chegou. Elas pensam diferente, já que precisam alimentar os filhos. Na casa da família, ele é recebido por um tio, que não gosta que Abraham viva na cidade, longe da terra dos seus antepassados.
Abraham logo se apaixona por Cécile (Amélie Jocktane), a oitava esposa de seu tio. Ela quer saber dele como é a cidade, mas ele diz que a cidade não é para ela, e principalmente ele odeia as modas atuais, vindas da Europa, em que as mulheres usam perucas de cabelos lisos e batom. Mas nesse momento a relação deles é descoberta, e eles tem que fugir para a cidade para escapar do tio, que ameaça matá-los.
A cidade muda muito Cécile, principalmente pela amizade que ela faz com Josy (Gisèle Revignet), a irmã de Abraham. Abraham a descreve como uma “desenraizada mental, multilada espiritual, a corrupção incondicional, a ameaça de destruição de toda uma cultura e uma raça”. Ela acha que a civilização significa imitar os brancos, e que não adianta discutir se isso é bom ou ruim, o importante é saber usar isso para ganhar o próprio dinheiro. Josy acha que o discurso de negritude do irmão é utópico demais, pouco concreto.

A discussão de tradicional x moderno apareceu várias vezes no projeto, e é sempre interessante, mas confesso que fiquei muito irritada com o personagem do Abraham. Ele parece convencido demais de que ele sabe que aspecto da modernidade deve ser apropriado por casa pessoa, qual que representa a chegada da civilização, e qual representa uma perda. Ele acha horrível que mulheres queiram ter cabelos lisos e usam perucas, o que poderia ser uma questão interessante (como a questão do cabelo é usada pela Chimamanda em Americanah, por exemplo, é incrível), mas vira um cara chato falando para mulheres o que elas deveriam usar. E o único contraponto do filme parecem ser personagens que rejeitam completamente tudo que é tradicional. Foi bom aprender um pouco sobre o Gabão, país que aparece aqui pela primeira vez, mas não foi minha abordagem preferida do tema.

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