Quando eu estava procurando livros e filmes para entrar no clima de viajar para o Cáucaso, um dos que mais apareceu recomendados foi A Cor da Romã, de Serguei Parajanov. O filme conta a história do poeta armênio Sayat Nova, e que é conhecido pelos símbolos e pelo estilo experimental. O filme realmente é incrível e me fez ter muita curiosidade com o Parajanov, então quando vi que tinha um museu na Armênia que mostrava mais da sua arte, fiz questão de ir lá ver.
O museu fica em uma casa de pedra em Yerevan, do tipo que me disseram que já foi a norma na cidade. O museu tem mais de 1500 obras, com colagens, esculturas, roteiros, etc.
O Parajanov nasceu em Tbilisi, a capital da Geórgia, em 1924. Em 45, ele viajou para Moscou para estudar cinema, mas em 1948 ele foi preso por ser homossexual, o que ainda era crime na União Soviética, e condenado a cinco anos de prisão. Três meses depois ele foi solto em uma anistia. Ele se casou em Moscou, com uma mulher muçulmana tártara que foi assassinada pela própria família porque tinha se convertido para se casar com ele. Depois ele se mudou para a Ucrânia, onde se casou novamente e teve um filho, e onde fez o primeiro de seus filmes mais famosos, Os Cavalos de Fogo (o título original era Sombras de Ancestrais Esquecidos).
No final dos anos 60, ele se mudou para a Armênia. Os seus ancestrais eram de lá, e ele considerava que tinha três pátrias, a Geórgia, a Ucrânia e a Armênia. Lá ele fez A Cor da Romã, que foi bem alterado pelos censores e o tornou uma pessoa suspeita para as autoridades. O filme realmente vale muito a pena, e fica passando em uma das salas do museu.
Em 1973, ele foi preso por estuprar um membro do partido comunista e distribuição de pornografia, acusações que seus defensores diziam terem sido fabricadas pelo Estado, e uma punição por ele ser bissexual apesar de isso não ser mais um crime. Ele passou quatro anos na prisão por isso, e depois foi preso de novo em 82 por suborno. Apesar de sentenciado de novo, ele foi liberado em um ano por causa de uma campanha internacional. Uma das salas do museu é dedicada aos trabalhos que ele fez na prisão, apesar de todas as limitações.Vigiado de perto pelos censores, ele fez poucos outros filmes.
Quando foi solto, Parajanov voltou a viver em Yerevan, e no final de sua vida começou a preparar a sua casa para que ela virasse um museu. Infelizmente, o terremoto de 1988 que devastou a Armênia fez com que o museu perdesse fundos, e por isso ele só foi terminado em 1991, um ano depois da morte do artista.
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