Volta ao Mundo em Livros: Uzbequistão – A Poet and Bin Laden

O Uzbequistão foi um daqueles países em que as recomendações são quase unânimes: Hamid Ismailov é visto como o escritor indispensável do país. Vários dos seus livros foram traduzidos para o inglês, então a dúvida maior foi qual deles eu queria ler. As descrições pareciam interessantes, e fiquei com muita vontade de ler tanto The Railway quanto A Poet and Bin Laden, mas fiquei com o segundo especialmente porque parecia contar sobre uma época mais recente, falando do Uzbequistão depois dos ataques de 11 e setembro de 2001 nos EUA. The Railway, no entanto, ainda parece interessante para saber mais do país durante a época soviética, e gostaria de lê-lo antes de uma viagem para a Ásia Central. 

A Poet and Bin Laden é a biografia de Belgi, um poeta uzbeque ficcional. O irmão mais novo que ele adorava, Sher, morre na prisão, no que é oficialmente considerado um suicídio, mas com sinais de tortura. Sher tinha se ligado a um grupo que praticava o sufismo, e por isso ele é preso acusado de ser um extremista religioso. Belgi então começa a ver o governo com outros olhos, e sai da capital Tashkent para visitar os grupos sufistas nas montanhas do país. Ele se radicaliza a cada dia mais, e em uma cena do início do romance, nós o vemos quando assiste aos ataques do 11 de setembro nos EUA, e o seu êxtase ao vê-los “Death to America! Death to the empire of Satan! Allah-u-Akbar!”. 

Vários romances do projeto lidam com o tema da radicalização e do extremismo islâmico, e em vários deles, os personagens estão, como Belgi, presos entre o martelo e a bigorna, ou seja, entre uma ditadura e os fanáticos religiosos. Alguns dos que entram para o grupo estão preocupados com a religião, outros, como Belgi, com o regime que se instaurou no Uzbequistão e persegue a população, outros ainda para fugir da pobreza. 

O subtítulo do romance é “a reality novel”, e os relatos da vida de Belgi são entremeados com notícias dos jornais e entrevistas em rádios que nos contam sobre o que está acontecendo no país. Como acontece frequentemente nesses casos, achei que foi útil em momentos porque eu realmente queria saber mais sobre o Uzbequistão, e em outros me deixou ainda mais confusa, porque ele pega jornais locais e os reproduz literalmente, e obviamente eles foram escritos para um público que já tem noção do que está acontecendo.

Então esse foi meu romance sobre o Uzbequistão, que definitivamente me deu outra visão do país além do quase nada que eu sabia – que era basicamente “rota da seda” e “união soviética”. Apesar do que aprendi no livro, ainda é um dos países que mais quero visitar, então espero aprender mais sobre ele em breve.

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