Volta ao Mundo em Filmes: Jordânia – Capitão Abu Raed

Um tema que está aparecendo muito na Volta ao Mundo em Livros e Filmes é o de “primeiro filme a ser feito nesse país há X anos”. Foi o caso de Capitão Abu Raed, de Amin Matalqa, que apareceu com a propaganda de ser o primeiro filme feito no país em quarenta anos.

Abu Raed (Nadim Sawalha) é um homem solitário, que perdeu a esposa e o filho muitos anos antes, e que passa os dias trabalhando como faxineiro no aeroporto local. Um dia, ele acha um quepe que um piloto jogou fora, e o coloca na cabeça sem pensar muito. Um menino pergunta se ele é um piloto, e ele diz que não, mas o menino continua a implorar para ouvir histórias sobre suas aventuras. Como Abu Raed não cede, no dia seguinte ele volta com um grupo enorme de crianças. Então Abu Raed começa a usar seu talento como contador de histórias, falando dos países pelos quais ele viajou, de aterrissagens perigosas e momentos heróicos.

Abu Raed vira um ídolo para as crianças do bairro, e começa a levar isso muito a sério. A caminho do aeroporto, ele vê Tareq (Udey Al-Qiddissi), um dos meninos, vendendo doces. Ele compra todos os doces para que o menino possa dar o dia por encerrado e ir para a escola, mas isso não tem o efeito que ele pretende. O pai e Tareq acha que ele é um bom vendedor, e começa a lhe dar a cada dia mais balas, e finalmente a planejar tirá-lo da escola para abrir uma banca no mercado local.

Outro menino, Murad (Hussein Al-Sous), não é cativado pelas histórias, e logo desconfia que elas são mentira. A lógica dele, que ele fala para os outros, é que pessoas como eles não crescem para ser pilotos. Murad insiste nisso, mas Abu Raed não se irrita, pelo contrário, ele fica preocupado com Murad, que vive com um pai abusivo, que freqüentemente bate na mãe dele e nos dois filhos. Abu Raed também fica amigo de Nour (Rana Sultan), uma piloto de uma família rica da Jordânia, que está sendo pressionada pelos pais a casar. 

O filme é um pouco clichê, tanto na visão sanitizada da pobreza que faz parecer que é uma história contada para Europeus e Norte Americanos, quanto no conto da amizade improvável e nos personagens. Mas foi um filme bem intencionado, com uma homenagem a Truffaut e que mostra bastante da cidade, com Abu Raed contando suas histórias no alto das ruínas romanas de Aman.

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