Sighnaghi tem a fama de ser a cidade mais bonita da Geórgia. A cidadezinha fica no alto de uma colina, com vistas (se você tiver sorte) para as montanhas do cáucaso, é cercada de muralhas e tem suas ruas cobertas por paralelepípedos, e a todo lado vemos varandas de madeira entalhada e as torres pontiagudas das igrejas. A reputação também pode existir por outro motivo: ela fica no coração do Kakheti, a região da Géorgia conhecida pelo vinho. Sem ofensas a Sighnaghi, que já é linda antes do vinho, mas depois de alguns pratos da incrível culinária georgiana e algumas taças de vinho, ela fica ainda mais. Talvez pelo mesmo motivo, ela também é conhecida na Geórgia como cidade do amor.
Sighnaghi (que também pode ser escrita como Signagi ou Signaghi) fica a apenas uma hora e meia de Tbilisi, então pode ser visitada como day trip. Também é uma boa parada no caminho para o Azerbaijão, principalmente para quem vem de carro (eu fui direto de Sheki para Tbilisi porque o transporte público parecia complicado), ou para quem quer visitar mais da região, inclusive várias vinícolas que ficam lá perto.
Eu fui só para o dia, e peguei uma marshrutka na estação de metrô Samgori. Elas saem a cada hora ímpar, e eu cheguei às 8:45 porque é um trajeto popular. Peguei um dos últimos lugares, mas o motorista esperou até as 9:30 para encher os três assentos que faltavam, até que todo mundo se juntou e pagou 1 Lari cada para cobrir os lugares. Chegando em Sighnaghi, imediatamente comprei o bilhete de volta, dica do povo do albergue porque os lugares na última van se esgotam rapidamente. Tem um quiosque no lugar onde a gente chega onde dá para fazer isso.
Assim, que eu cheguei, fiquei apaixonada com o centro histórico. O dia estava super agradável, e eu cheguei bem na época em que todas as varandas estavam cobertas de uvas, mas infelizmente não dava para ver as montanhas em torno da cidade.
Eu comecei o passeio andando meio sem rumo pelo centro.
Depois, fui ver as muralhas, que tem uma parte em que ainda dá para andar e subir nas torres pela vista. São 23 torres que foram construídas no século XVIII, e a maioria ainda está aberta para visitar.
Do outro lado do centro, tem mais muralhas e mais torres, uma delas famosa por ter sido transformada em uma igreja minúscula, a Stepan Tsminda.
Também passei pelo Museu Etnográfico da cidade, que é pequeno, mas muito interessante. Ele é dividido em duas sessões. O primeiro andar é um museu arqueológico, que conta a história da região do Kakheti e da produção de vinho da Geórgia. Os georgianos fazem vinho há oito mil anos, com uma técnica especial: eles colocam a uva inteira, com semente e casca, em vasos de terracota chamados de qvevri, que são enterrados. Na Geórgia dá para encontrar vinhos feitos com as mesmas técnicas da Europa, mas também o vinho do qvevri, que é mais espesso e tem uma cor forte.
Na frente do museu, tem um qvevri e uma estátua de um Tamada, o “mestre dos brindes” nas festas georgianas. Eles são pessoas conhecidas pelo humor rápido, que são escolhidas para comandar a festa, e fazer brindes durante a noite. Eles decidem o ritmo em que as pessoas bebem, e antigamente quem estava na festa tinha até que pedir permissão de sair da mesa. Eles também bebiam em uma taça especial feita de chifre, que segundo alguns amigos georgianos é ideal porque eles não podem colocá-la na mesa, então tem que continuar bebendo.
O segundo andar do museu é dedicado à pintura, e principalmente a Niko Pirosmani, o pintor mais famoso da Geórgia. Ele nasceu no Kakheti em 1862, em uma família muito pobre, e por isso nunca teve acesso a aprendizado formal. Ele aprendeu a pintar sozinho, e pintava letreiros de lojas para se sustentar. Foi só depois de sua morte, na época soviética, que ele foi reconhecido, e hoje suas pinturas são reproduzidas em todo canto (entre em um loja de souvenir e você vai ver várias, em canecas, sacolas e meias). Tem várias pinturas suas no Museu Nacional em Tbilisi, mas em Sighnaghi já dá para conhecer um pouco sobre ele.
Depois de ouvir falar tanto sobre vinho, fui para um almoço no Nikala, outra sugestão do povo do meu albergue, e pedi o vinho da casa.
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