Mtskheta, a capital espiritual da Geórgia

Hoje, Mtskheta é uma cidadezinha perto de Tbilisi, a capital da Geórgia. Mas quem vai lá visitar geralmente quer ver a glória do que ela foi no passado: a antiga capital do país, com um dos pontos mais importantes da história religiosa no país. Por causa do valor de seus monumentos, o centro histórico de Mtskheta foi declarado um Patrimônio Cultural da UNESCO em 1994. 

Georgia Mtskheta centro espiritual religioso 1

De acordo com arqueólogos, a região de Mtskheta é habitada desde o segundo milênio AEC. Na idade do bronze, ela já era uma cidade significativa. De acordo com a tradição georgiana, ela teria sido fundada por Mtskhetos, o filho de Kartlos, fundador mítico da Geórgia e de quem todos os georgianos seriam descendentes (em georgiano, o país é Sakartvelo e seus habitantes são os kartvelebi). Mtskheta virou a capital do então Reino da Ibéria entre o século 3 AEC e o século 5 EC. Depois a capital mudou para Tbilisi, que seria mais fácil de defender, mas Mtskheta continuou tendo um valor simbólico enorme, e era onde os reis georgianos eram coroados e enterrados.

Mtskheta é uma considerada um centro religioso importante há muitos séculos, começando nessa época com a construção de templos zoroastrianos. Depois, quando o cristianismo foi feito a religião oficial do país, em 331 EC, uma grande igreja foi construída na cidade. 

Georgia Mtskheta catedral Svetitskhoveli exterior

O primeiro lugar que eu fui visitar em Mtskheta foi Svetitskhoveli, a enorme Catedral no centro. Ela foi construída entre 1010 e 1029, substituindo uma igreja de madeira que foi demolida. Diz a lenda – e, piamente, a maioria dos georgianos para quem eu contei que tinha ido lá – que a Catedral contém AS vestes de Jesus, que, como bom católico, aparentemente só tinha uma. Elas teriam sido compradas de um soldado romano por um judeu georgiano, que então as levou de volta para a Geórgia. Quando ele chegou, a sua irmã tocou as vestes e ficou tão emocionada que ela morreu na hora, e seu corpo não pode ser separado das vestes, então eles foram enterrados juntos, embaixo da Catedral de hoje. Depois, em cima do túmulo cresceu uma árvore de cedro, que foi usada como um dos pilares da igreja.

Georgia Mtskheta catedral Svetitskhoveli altar ícones

Georgia Mtskheta catedral Svetitskhoveli interior

É uma lenda condizente com um lugar religioso, mas curiosamente a igreja realmente tem um pilar de cedro, que ainda tem mais uma lenda associada com ele, a de que ele cura cegueira (continuo com 6 graus de miopia). Ainda outra lenda é a de que o Rei Georgi ordenou a amputação da mão direita do arquiteto que a construiu, para que ele nunca mais fizesse algo tão belo (uma variação do onipresente “cegou o arquiteto” que guias adoram contar).

Georgia Mtskheta catedral Svetitskhoveli tumulo

Georgia Mtskheta catedral Svetitskhoveli pulpito

Georgia Mtskheta catedral Svetitskhoveli praça entrada 2

Georgia Mtskheta catedral Svetitskhoveli praça entrada

Eu não ligo muito para essas lendas nem sou religiosa, mas fiquei apaixonada com os afrescos antigos que cobrem grande parte da catedral. Os pilares da decoração também incluem muitas uvas, refletindo a tradição antiga de fazer vinho da Geórgia – que tem mais de mil anos.

Georgia Mtskheta catedral Svetitskhoveli afrescos medievais

Georgia Mtskheta catedral Svetitskhoveli afrescos medievais 2
afrescos antigos
Georgia Mtskheta catedral Svetitskhoveli afrescos renovados
um afresco restaurado

Depois disso eu passei um tempo andando pela cidade, explorando os mercados e a arquitetura, e principalmente a beira do rio, que é cheia de cafés. É um bom lugar para quem quer parar um pouco e provar Lobio, a pasta de feijão um pouco picante que é típica de Mtskheta, e geralmente servida com mchadi, feito de milho e queijo. No porto, também tem gente oferecendo passeios de barco e eu tinha esperanças de conseguir ver a antiga ponte romana, mas a água estava tão alta que ela estava completamente submersa. Mas de lá já conseguia ver, no alto de um morro do outro lado do rio, o próximo lugar que eu queria visitar.

Georgia Mtskheta centro espiritual religioso ruazinhas

Georgia Mtskheta centro espiritual religioso terraços com parreiras

Georgia Mtskheta centro espiritual religioso igrejinha quadrada

Georgia Mtskheta centro espiritual religioso igrejinha entrada

Georgia Mtskheta centro espiritual religioso igrejinha e catedral

Georgia Mtskheta centro espiritual religioso restaurantes beira rio

Georgia Mtskheta centro espiritual religioso catedral vista dos mercados

Georgia Mtskheta centro espiritual religioso jardins

Os povos do Cáucaso tem uma vocação para construir monastérios em lugares dramáticos, e por isso esse fica no alto de uma montanha, com vista para toda a cidade. O Monastério de Jvari foi construído no século 6. Logo após a conversão do país, o rei Mirian III teria erigido uma cruz enorme no lugar, e por isso o monastério é chamado assim, porque Jvari em georgiano significa crucifixo. Quando eu fui lá, vários casamentos estavam acontecendo, então não deu para explorar tanto a igreja por dentro, mas o lugar é lindo. O chato é só chegar lá, já que é a 12 km da cidade e não existe transporte público, então esperei no Centro de Informações Turísticas até encontrar mais gente, e meiamos um táxi para lá, pelo total de 20 Lari (cerca de 7 euros).

Georgia Mtskheta monasterio jvari chegada

 

Georgia Mtskheta monasterio jvari interior

Georgia Mtskheta monasterio jvari vista cidade

Como ir de Tbilisi para Mtskheta: Em Tbilisi fui para a estação de marshrutkas em Didube, na estação de metrô com o mesmo nome, e perguntei a várias pessoas até encontrar a van indo para Mtskheta. Algumas pessoas comprar o bilhete antes, mas eu paguei dentro da van mesmo, e foi o mesmo preço, 1 Lari (0,30 euro). Em Mtskheta, eu estava prestando atenção no Google Maps para ver onde descer, mas aconteceu o mesmo que aconteceu em várias cidades da Geórgia, e as pessoas começaram a avisar quem tinha cara de turista onde era para descer. 

Para voltar, voltei à mesma rua. Não existe um ponto, mas as vans são bem frequentes, em dez minutos passou uma que estava indo para Tbilisi, pelo mesmo preço da ida.

Geralmente não ter carro não fez diferença para mim, porque a Geórgia é muito acessível, mas em Mtskheta tinha outros lugares que pareciam interessantes e próximos de carro, mas muito difíceis de chegar a pé ou caros de transporte privado, então foi um lugar em que seria útil. Ouvi falar bem da fortaleza de Bebris Tsikhe, o monastério de Shio Mgvime ou as ruínas de Armazi.

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