Volta ao Mundo em Livros – Polônia: Drive Your Plow Over the Bones of the Dead

Quando chegou a hora de escolher um livro para representar a Polônia, muitas opções pareceram interessantes. Mas resolvi unir o útil ao agradável e aproveitar que já queria ler algo de Olga Tokarczuk, uma escritora que tem sido muito comentada ultimamente. Então comecei a ler o premiado Drive Your Plow Over the Bones of the Dead, traduzido para o inglês por Antonia Lloyd-Jones.

O romance é contado pela perspectiva de uma narradora cheia de peculiaridades. Para começar, ela odeia primeiros nomes, e não suporta quando as pessoas a chamam pelo seu. Ela também inventa apelidos para todos ao seu redor, como seu vizinho Big Foot e seus amigos Oddball e Dizzy. Ela também é obcecada por astrologia, e passa muito tempo fazendo elaborados mapas astrais para as pessoas ao seu redor. Ela está traduzindo versos de William Blake para o polonês (e a tradutora para o inglês fez um excelente trabalho em mostrar os desafios da tradução mesmo quando ela teve que verter o texto do inglês para o inglês), e cada capítulo começa com uma citação sua. Mas o que mais a coloca em confronto com os locais é que ela é uma defensora ferrenha dos direitos dos animais, e ela vive em uma comunidade de caçadores na fronteira da Polônia com a República Tcheca. Por tudo isso, a maioria da cidade acha que ela é uma velha chata problematizadora e meio doida, e ninguém a leva a sério.

O livro começa quando Oddball aparece para contar para a narradora que o vizinho deles, Big Foot, que caçava ilegalmente fora da temporada, tinha morrido engasgado com um osso de cervo. A narradora vai à casa dele enquanto eles esperam pela polícia, e encontra uma fotografia cujo conteúdo a choca tanto que ela não consegue nem falar, e que ela só vai descrever no final do livro, mas que é fácil de adivinhar. Nos meses seguintes, membros da comunidade são assassinados, e a narradora envia uma série de cartas para a polícia em que ela cita o mapa astral deles como “evidência” de que eles estão sendo mortos pelos animais que caçavam, especialmente pelos cervos da região. Isso é claro, só reforça a imagem que a comunidade tem dela.

O livro tem sido descrito como uma mistura de romance policial, existential, feminista, e sobre direitos dos animais. Quando uma adaptação foi feita para o cinema, um crítico o chamou de um filme anti-cristão que promovia eco-terrorismo. Por causa disso, o filme entra em uma categoria curiosa que tenho notado na minha Volta ao Mundo em Livros e Filmes: é um livro que não parece falar tanto sobre o país em que se passa, a não ser que você já saiba o contexto. Quando estava escolhendo um livro para ler, li em vários lugares que esse livro tinha sido muito polêmico na Polônia, e visto como uma acusação em um país em que tanto os direitos das mulheres quanto dos animais estão sob ataque. Além disso, o livro trata de temas como o que a gente entende por loucura, injustiças contra pessoas marginalizadas e a hipocrisia da religião organizada. E de novo, isso faz muito sentido quando a gente olha para o contexto político.

At that point I felt a surge of Anger, genuine, not to say Divine Anger. It flooded me from inside in a burning-hot wave. This energy made me feel great, as if it were lifting me off the ground, a mini Big Bang within the universe of my body. There was fire burning within me, like a neutron star. I sprang forward and pushed the Man in the silly hat so hard that he fell onto the snow, completely taken by surprise. And when Moustachio rushed to his aid, I attacked him too, hitting him on the shoulder with all my might. He groaned with pain. I am not a feeble girl.

Essa foi a minha escolha para a Polônia, realmente curti muito o livro e pretendo ler mais da Tokarczuk em breve.

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