Volta ao Mundo em Filmes: Espanha – Ana e os Lobos

A Espanha foi um país difícil para representar com um filme. Eram muitas opções boas, e foi difícil escolher só um (se você quiser ver mais alguns que entraram na consideração, tem a nossa lista de livros e filmes para entrar no clima de uma viagem para a Espanha). 

No final, ficamos com um clássico maravilhoso: Ana e os Lobos, de um dos meus diretores preferidos, Carlos Saura.

O filme gira em torno de uma governanta estrangeira, Ana (Geraldine Chaplin) que chega à uma mansão isolada na Castilla para cuidar de três meninas. A família é dominada por uma matriarca doente e obcecada pela morte, Mama (Rafaela Aparicio). Ela tem três filhos de meia idade, que atormentam Ana. O mais velho, José (José María Prada), é fascinado pelo exército, tem uma coleção de uniformes militares em seu quarto, e trata todos de forma extremamente autoritária. O segundo, Juan (José Vivó), assedia Ana sexualmente desde o início, aparecendo no seu quarto e mandando cartas eróticas. O terceiro, Fernando (Fernando Fernán Gómez) deixou a casa e vive em uma caverna como ermitão, praticando palavras mágicas que ele acredita que o tornarão capaz de levitar. 

No início, Ana os vê como um bando de pobre coitados, estranhos, mas inofensivos. Ela começa a agir como se fosse parte das suas fantasias, mas a cada momento eles ficam mais obcecados com ela, e eu fiquei a cada momento mais angustiada quando o filme se encaminhava para o desfecho. 

O filme foi feito em 1973, e é geralmente interpretado como metáfora da Espanha de Franco. Os três irmãos representariam três facetas da mãe, a Espanha à beira da morte: o militarismo e autoritarianismo em José, a família tradicional, com sua repressão sexual e misoginia, em Juan, e a hipocrisia religiosa em Fernando. Essa é uma camada que é simbólica mas que pode parecer bem óbvia para a gente vendo no Brasil – que temos os mesmos fantasmas.

Para ver outras sugestões, não perca nosso post com os livros e filmes para entrar no clima de uma viagem para a Espanha.

1 comentário

Deixe uma resposta