Volta ao Mundo em Filmes: Armênia – Calendário

Quando eu procurei filmes sobre a Armênia, o nome que continuava aparecendo era o de Atom Egoyan. Ele nasceu no Cairo e foi criado no Canadá, em uma família de origem armênia. Por causa do genocídio perpetuado pelos otomanos, populações inteiras saíram do país, o que ficou conhecido como diáspora armênia. Hoje existem cerca de 11 milhões de pessoas consideradas armênias, embora só 3 milhões deles venham do país. E muitos deles, como o diretor, questionam a própria identidade, alguns sem sentir que pertencem realmente ao lugar onde sempre viveram mas sem nunca ter nem visitado a Armênia. O filme foi a primeira viagem do diretor à Armênia, com uma bolsa de uma instituição alemã para que ele fizesse um filme-ensaio sobre memória e identidade.
Calendário conta a história de um fotógrafo canadense (Atom Egoyan) que vai com a esposa (Arsinée Khanjian) para a Armênia. Ele foi contratado para tirar fotos de igrejas no país para um calendário, e sua esposa, que é de lá, vai com ele para servir de tradutora. Eles contratam um motorista (Ashot Adamyan) e vão de lugar a lugar, seguindo uma lista que ele recebeu da organização que o contratou. A cada lugar que eles visitam, a apatia do fotógrafo fica mais evidente. Ele procura a melhor composição e luz para fotografar cada igreja, mas quando o motorista conta um pouco de suas histórias, ele só se preocupa se ele vai cobrar a mais por isso. Ele não se interessa em entrar nas igrejas, em vê-las de perto. Quando eles visitam o templo pagão de Garni, o motorista estranha, já que o calendário é para ser sobre igrejas, e o fotógrafo responde apenas que tá na lista e que parece um banco.
Entrecortadas nas cenas da viagem, ficam algumas que se passam um ano depois. O fotógrafo está em casa, ocasionalmente recebendo mensagens da esposa, de quem ele se separou, que ele não responde. Nós o vemos em um ritual, jantando com mulheres diferentes a cada noite. Quando ele serve as últimas taças de vinho, a mulher da noite pede para usar o telefone e fala em uma língua estrangeira. Pelas mensagens deixadas na máquina, vemos que são garotas de programa, contratadas para seguir esse ritual com ele.
Todas as cenas na Armênia são filmadas do ponto de vista do fotógrafo, e tanto as cenas das conversas entre o motorista e a tradutora e as cenas das garotas de programa ao telefone não tem legendas, já que ele não entende o que está sendo dito.

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