Volta ao Mundo em Livros: Líbia – In The Country of Men

O romance que eu escolhi para a Líbia é o romance de estreia de Hisham Matar, In the Country of Men. O autor nasceu em Nova York, quando seus pais trabalhavam na ONU, depois passou a infância em Trípoli, na Líbia. Eles tiveram que se exilar do regime de Gaddafi e se mudaram para o Cairo. Matar e seu irmão foram enviados para um colégio interno na Inglaterra, onde respondiam a pseudônimos e seus nomes reais eram mantidos em segredo. Enquanto ele estava lá, seu pai foi sequestrado e enviado de volta para a Líbia. A não ser por duas cartas nos anos 90, a família não teve mais notícias dele.

In the Country of Men tem como personagem principal Suleiman, um menino de nove anos que cresce em Trípoli durante o regime de Gaddafi. Seu pai está sempre fora do país, aparentemente em atividades “subversivas”, ligado a um movimento estudantil que pede democracia no país. Sua mãe, Najwa, está tendo muitos problemas em lidar com o risco associado com ser a esposa de um dissidente, e recorre a álcool ilegal. Quando ela bebe um dia, ela conta para o filho que ela foi casada à força quando tinha catorze anos, com um homem que tinha o dobro. Ela tomou uma mão cheia de anticoncepcionais tentando se tornar indigna aos olhos de um marido, e puder continuar a estudar. Não funcionou, e nove meses depois do casamento ela teve Suleiman. Com essa história, logo no início, fica claro que a história não vai ser de resistentes corajosos versus regime do mal. Afinal o dissidente que a gente mais vê é o pai de Suleiman, que estuprou a esposa adolescente no casamento, e o menino sonha em crescer para poder encontrar uma forma de voltar no tempo e resgatá-la.

No início do livro, Ustash, um vizinho que ensina história da arte na universidade, leva Suleiman para ver Leptis Magna, ruínas romanas perto de Trípoli, e conta a história antiga do país. Alguns dias depois, ele é preso. Najwa, ao ouvir sobre mais essa prisão, queima os livros do marido em pânico, enquanto Suleiman consegue salvar um volume, chamado Democracy Now. É a história do país que está sendo destruída.

Logo na abertura do livro, Suleiman diz que vai contar sobre o último verão que ele passou em Trípoli antes de ser mandado embora. São momentos de tensão e medo, e momentos aos quais ele reage com uma crueldade infantil. No livro, também aprendemos sobre a sua vida no exílio. No geral, é um livro sobre crescer em uma sociedade em colapso, e os efeitos incalculáveis sobre o narrador. O livro me ensinou sobre a Líbia de Gaddafi – chamado de O Guia, como Mussolini – e foi uma boa leitura para representar a Líbia.

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