Quando eu comecei a planejar a minha visita para a Holanda, um dos primeiros lugares que decidi que eu tinha que visitar foi a Livraria Boekhandel Dominicanen, que tinha sido eleita a mais bonita do mundo. Primeiro pensei em ir como um day trip, mas depois comecei a ler mais sobre Maastricht, a cidade onde ela fica, e decidi passar dois dias lá para vê-la um pouco melhor.
É que a imagem que eu tinha na minha cabeça da Holanda era dos canais de Amsterdam e de moinhos como em Haarlem, e Maastricht parecia tão diferente. Ela é bem mais antiga que a maioria das cidades holandesas, tendo sido fundada durante o Império Romano, e faz parte da Rede das Cidades Mais Antigas da Europa. A cidade é famosa por ser cosmopolita, a apenas 8 quilômetros da Bélgica e 12 da Alemanha.
Eu comecei a visita por Maastricht atravessando a ponte São Servatius, a mais antiga na Holanda, e que era meu caminho para chegar ao albergue.
Depois, fui direto para a livraria, o que já contei em outro post.
Lá perto, fui visitar a praça principal da cidade, o Vrijthof. Ela foi construída no lugar de um antigo cemitério romano, e no século XIX se tornou um lugar central em Maastricht. Ao redor dela ficam a Basílica de São Servatius, a Igreja de São João, a casa do Governo Espanhol, a casa da Guarda Militar e a Casa Geral.
Eu comecei a visita da praça com as duas igrejas: São Servatius, uma igreja romanesca dedicada ao santo enterrado em Maastricht, e eu peguei um ingresso para pode visitar o claustro e o tesouro, e São João, a igreja gótica com a enorme torre vermelha, da qual dá para ver toda a cidade.
Eu aproveitei que eu tinha o Museum Kart, o passe de entrada em todos os museus públicos da Holanda por um ano, que eu tinha comprado em Amsterdam, e também fui à Casa do Governo Espanhol, hoje um museu. Ele vem da época do domínio espanhol na Holanda, e o Imperador Carlos V ficou lá várias vezes quando visitava a Holanda. Hoje, muitas das salas são dedicadas a figuras famosas para a história da cidade, e você passa por hologramas de Carlos V, do editor francês Jean-Edmé Dufour, que comprou a casa depois e a usava para imprimir livros proibidos na França, pelos arquitetos e artistas que passaram por lá.
Depois fui para outra praça linda na cidade, a Onze Lieve Vroweplein. Ela é dominada pela Igreja enorme que também tem esse nome, conhecida pelo altar dedicado a Nossa Senhora, Estrela do Mar. A praça tem a fama de ficar lotada de cafés e restaurantes com mesas ao ar livre. Quando eu estava lá, no meio do inverno, ela estava quase vazia.
Depois aproveitei uma recomendação dos funcionários do meu albergue e fui ao Hotel Derlon. Eles tem ruínas romanas no subsolo de um castrum, um espaço fortificado, e costumam te deixar visitar sem cobrar nada. É bem pequeno, então foi mais interessante para me lembrar da história de Maastricht do que pelo lugar em si.
Para comer algo, segui outra recomendação e fui ao Bisschopsmolen, uma padaria conhecida por moer a farinha com um moinho de água que está lá desde o século VII. Eles tem um café com todo tipo de comida, mas são mais conhecidos pelos Vlaai, as tortas de frutas.
Eu tava perto das muralhas medievais da cidade, então não resisti à tentação de passar pelo maior portão de acesso a Maastricht, o Helpoort. Ele faz parte das muralhas originais da cidade, construídas no século XIII, e continuou um dos acessos principais mesmo depois que as muralhas foram refeitas várias vezes. É que Maastricht é muito perto das fronteiras com a Alemanha e a Bélgica, e não dava para expandir para aquele lado. Ele provavelmente ganhou esse nome por ser perto de padarias e ferreiros – ambos eram frequentemente chamados de “In de Helle”, no inferno, por causa dos fornos.
Seguindo os muros da cidade, passei por duas ruazinhas muito charmosas, a Lang Grachtje e a Klein Grachtje, todas as duas famosas por terem pedaços muito preservados das muralhas.
No segundo dia, eu queria fazer uma visita lá perto e fiquei em dúvida entre o Bonnefantenmuseum, um museu de arte que foca nos mestres da pintura flamenga do século XVII, ou o Forte de Saint Pieter, uma estrutura imponente e conhecida pelos túneis que se ligam às cavernas a cidade, ou as próprias de cavernas de St Pietersberg. São cerca de 20 mil passagens cavadas durante séculos e usadas como abrigo durante cercos e bombardeios, e no final foi o lugar que escolhi visitar. Claro que por ser uma rede de túneis, tive que fazer uma visita guiada, mas foi legal pelo tanto de informações que aprendi com os guias. Eles contaram, por exemplo, que foi nos túneis que a Ronda da Noite do Rembrandt – que eu vi no Rijksmuseum – foi guardada durante a Segunda Guerra. Ela é coberta de graffiti, e, segundo os guias, um dos que não resistiu à tentação de escrever o próprio nome lá foi Napoleão, quando invadiu a Holanda. Hoje, porém, que não resiste arrisca multas enormes por destruir esse patrimônio.
Essa foi minha visita a Maastricht, espero que as informações ajude quem está pensando em conhecer a cidade.
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