Desde que Petersburgo foi construída por Pedro I, a cidade sempre foi comparada com Moscou. Diziam que Petersburgo era o iluminismo, enquanto Moscou era a tradição, que Petersburgo era a janela para a Europa, enquanto Moscou era as tradições do povo russo, que Moscou era sagrada, a Terceira Roma, e Petersburgo era secular, segundo os detratores, até mesmo atéia. Durante o início do século XX, Petersburgo ficou conhecida como a cidade das três Revoluções (1905, a de fevereiro e a bolchevique de outubro).
Stalin preferia Moscou, e sob ele Petersburgo passou um longo período com pouquíssimos recursos para preservar o centro histórico. Ele pretendia virar a cidade, fazendo com que a Avenida Moskovski fosse seu novo centro e relegando a cidade antiga a virar uma periferia. E foi por isso que ele investiu em enormes construções em estilo Stalinista para essa área da cidade, que hoje a gente pode visitar e ver o contraste enorme com o resto da cidade.
O centro do bairro stalinista é a Casa dos Sovietes (Дом Советов), um arranha-céu stalinista construído na década de 30. Ele foi planejado para ser um prédio administrativo, mas pouco depois que ele ficou pronto, começou o cerco de Petersburgo, em que os nazistas passaram mais de 900 dias sitiando a cidade. Depois, ele virou um instituto de pesquisa militar. Hoje, o prédio aluga escritórios.
Alguns quarteirões ao sul fica o Monumento dos Defensores Heróicos de Leningrado, dedicado à história do cerco. O monumento é feito na forma de um anel quebrado, mostrando que os nazistas não conseguiram sitiar a cidade por todos os lados, e pelo lago Ladoga chegavam mantimentos. A cidade resistiu por mais de 900 dias apesar da fome e do frio, e hoje um museu fica lá para comemorar a sua defesa. Como eu já tinha ido ao Museu do Cerco, não fui nesse, mas ouvi falar que ele é iluminado com 900 lâmpadas de bronze, em homenagem aos 900 dias, e se ouve sempre o som de um metrônomo, a única coisa que tocava sempre no rádio, e que ganhou um valor simbólico para as pessoas de Leningrado, como um coração da cidade que ainda batia.
Também na avenida Moskovski fica o Parque da Vitória. Nesse lugar, durante a segunda guerra, ficava uma fábrica de tijolos, que foi transformada em crematório por causa da quantidade de mortos do cerco. Hoje é um dos maiores parques da cidade, com laguinhos onde se pode alugar barcos no verão ou patinar no inverno e mini-golf.
O início da era ainda é marcado pelo Portão Moskovski.
Essa região é onde moravam as elites do partido, cientistas e artistas, e ainda a maioria dos apartamentos na área são de luxo.
Se você cansou do estilo comunista, um lugar imperdível para visitar em Moskovski é Chesme, uma igreja construída por Catarina, a Grande. Na época, a Rússia estava em guerra com a Turquia, e a tsarina recebeu a notícia de uma grande vitória na Baía de Chesme quando ela estava a caminho de Tsarkoye Selo. Ela ordenou que a carruagem parasse imediatamente, e que naquele lugar fosse construída uma igreja memorial, em estilo neogótico (embora hoje pareça um pouco estilo Wes Anderson, para falar a verdade). Ela era bem isolada, e geralmente era onde as carruagens paravam para que os nobres pudessem descansar um pouco a caminho de Tsarkoye Selo. Alguns séculos depois, ela se viu cercada pelos prédios stalinistas.
Várias estações de metrô e ônibus servem o bairro de Moskovski, inclusive Moskovskaia (mais perto da Casa dos Sovietes, do Monumento e de Chesme) e Park Pobedy (Parque da Vitória). O passeio de ônibus é legal porque dá para ver bem como a arquitetura do século XVIII dá lugar aos prédios comunistas. O bairro também é onde dá para pegar ônibus para ir para Tsarkoye Selo ou para o aeroporto.
Clique na imagem para ler todos os nossos posts sobre a Rússia:
1 comentário