Eu queria fazer duas day-trips de Amsterdam, e foi muito difícil escolher quais, já que tinha uma dúzia de cidades que eu queria ver. Só de escrever isso, já penso que tenho que voltar para a Holanda e ver um pouco mais do país. O que fez Delft entrar na lista foi que é a cidade de Vermeer.
Quando eu cheguei, peguei o caminho para o centro histórico seguindo pelos canais.
Como foi a inspiração da viagem, eu comecei a visita com o Vermeer Centre. Vermeer viveu a vida inteira em Delft, mas nenhuma das suas pinturas está lá, e é melhor deixar isso claro desde o início. Eles têm reproduções em alta qualidade de todas elas, expostas em ordem cronológica, o que é interessante para quem gosta dele, mas, com a perspectiva de ver alguns Vermeers verdadeiros no Rijksmuseum, não foi o que me trouxe a cidade. O que mais me tocou foi a reconstrução do estúdio do artista, e os lugares em que a luz é estrategicamente posicionada para refletir como ele a usava.
Ver as pinturas dele de Delft da vontade de andar pela cidade.
Muitos dos traços de Vermeer já desapareceram, mas alguns lugares relacionados à sua vida ainda existem, como a Corporação dos Pintores.
Saindo do Vermeer Centre, continuei a visita a Delft pela Nieuwe Kerk, que literalmente significa nova igreja porque ela foi completada outro dia mesmo, em 1496.
A igreja é conhecida pelo túmulo de Willem I, conhecido como o Silencioso. Ele foi o líder da revolta contra a dominação da Espanha, ocasionando a Guerra dos oitenta anos e resultando na independência formal da Holanda. Por isso seus descendentes se tornaram reis da Holanda, o que eles são até hoje, e ele é conhecido pelo nome de Pai da Pátria. Os túmulos da família real ficam na cripta, que não está aberta ao público. Ainda um túmulo importante é o de Hugo Grotius, conhecido como pai do Direito Internacional.
Dizem que se você escalar os 246 degraus para a torre, dá para ver Haia e Rotterdam. Era um dia nublado de inverno, e mal tava dando para ver Delft mesmo, então não posso confirmar.
A igreja fica na Praça do Mercado, e, como eu estava lá em uma quinta-feira, era dia do “mercado geral”. Tinha gente vendendo queijos, legumes, frutas, pães, castanhas, roupas, acessórios de bicicletas, eletrônicos. Eu aproveitei para comprar pão, queijo, frutas e fazer um almoço improvisado, fresco e barato lá mesmo.
De abril a outubro, Delft também tem um mercado de antiguidades nos canais que também é muito famoso.
Do outro lado da praça, fica a Prefeitura de Delft. O prédio foi construído no Renascimento, e era usado tanto como prefeitura quanto como prisão. O prisioneiro mais famoso foi Balthasar Gerards, o assassino de Willem I, o pai da pátria na igreja em frente.
Depos segui ṕara outra igreja, a Oude Kerk, literalmente igreja velha, construída em 1246. Ela é famosa pela torre de tijolos que é ligeiramente torta. Ela também é famosa por um túmulo, dessa vez o de Johannes Vermeer. Além disso, ela também é celebrada pelos vitrais modernos, construídos no século XX por Joep Nicolas.
Como eu ainda tinha um tempinho, consegui incluir mais um museu, o Het Prisenhof, que foi uma ótima idéia. O prédio foi construído como monastério durante a Idade Média, depois foi transformado na residência de Willem I, onde ele foi assassinado, e hoje é um museu que conta a história de Delft. É claro que fica bastante em Willem I, que foi assassinado lá dentro, e as marcas de bala ainda estão na parede.
Eles também tem uma coleção de pinturas da Era de Ouro e de porcelana. A cidade era famosa pela porcelana chamada de Delftware ou Azul de Delft (Delfts blauw). É aquela azul e branca que a gente liga tanto com a Holanda. Quando eu estava lá eles tinham uma exposição chamada de Kunst of Kitsch?, que literalmente significa Arte ou Kitsch? Eles brincavam com objetos de arte feitos com a porcelana e cópias.
É uma discussão boa, até porque quando sai do museu dei de cara com posts cobertos com esse desenho de porcelana azul e branca.
Dei uma passada no Portão Oriental, a única das portas medievais da cidade ainda de pé.
E foi isso, depois voltei para Amsterdam para a noite. Vou acabar com mais algumas fotos do centro.
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