Volta ao Mundo em Filmes – Paraguai: Rede Paraguaia

O filme escolhido para o Paraguai é o Rede Paraguaia, de Paz Encica. Ele me atraiu por ser o único filme filmado em 35 mm no país nos últimos anos e por ser inteiramente falado em guarani.

O filme começa com um casal de idosos que lentamente coloca uma rede entre duas árvores. Eles conversam sobre o tempo, sobre o cachorro que não para de latir, e circulam um assunto mais difícil de exprimir. Finalmente eles falam sobre Máximo, o filho deles que partiu para a guerra, e que eles não sabem se volta e quando volta. A cena é filmada de um jeito muito diferente, com a câmera fixa por quinze minutos, distante do casal, mas ouvimos as vozes deles tão alto que fica difícil saber se eles estão conversando entre si, se a cena se passa nas suas cabeças, ou se eles estão conversando com a gente, a audiência.

Depois, nós os vemos ocupados em suas tarefas no campo, a esposa, Candida (Georgina Genes) lava a roupa enquanto o marido, Ramón (Ramon del Rio), cuida dos campos, enquanto diálogos mais antigos, com o filho, tocam no fundo. Ele é a presença-não-vista do filme, que assombra os pais, onipresente nas suas mentes.

Eles esperam pela chuva e pelo filho, sem saber por quanto tempo, eles se preocupam quando o cachorro de Máximo não para de latir, mas se preocupam quando ele para. A guerra os afeta por causa da ausência do filho, mas eles estão isolados de seus outros efeitos, eles estão isolados de quase tudo.

Só lendo sobre o filme eu descobri que se trata da guerra do Chaco com a Bolívia. O filme poderia se passar em praticamente qualquer época.

O filme é bem alternativo, com pouca ação (embora, já conto de uma vez, eles recebam as notícias que esperam. O Máximo não brinca de Godot). Apesar do prêmio em Cannes, imagino que não agradaria audiências muito amplas, mas foi interessante para aprender um pouco mais sobre o Paraguai.

Deixe uma resposta