Hermitage – como o palácio dos tsares se tornou um dos maiores museus do mundo

No mês passado, publicamos aqui no blog um post sobre As Três Tsarinas que marcaram a construção do Palácio de Inverno. Acabamos com a tsarina Catarina, a Grande, que começou as coleções de arte e construiu os outros prédios ao redor, que hoje são todos parte do museu e conhecidos como o Hermitage. A idéia desse post é justamente contar a história entre a época dela e o museu que visitamos hoje.

Petersburgo Hermitage chão de madeiras preciosas 3
Enquanto isso, deixa eu alimentar minha obsessão pelos chãos de madeira preciosa do Hermitage

Quem assumiu depois de Catarina II foi seu filho Pavel, conhecido pelas excentricidades e pelas tentativas de desfazer tudo que a mãe tinha feito. Ele odiava o Palácio de Inverno e não se sentia seguro lá, e construiu o Castelo Mikhailovski para sua família, em estilo pseudo-medieval em homenagem a uma época que ele admirava. Aparentemente ele tinha razão para ser paranóico, porque ele foi assassinado no Castelo apenas 40 dias depois de ele ficar pronto.

Quem assumiu então foi seu filho, Alexandre I, que ficou mais conhecido como o tsar na época das guerras napoleônicas. Seu irmão, Nicolas I, assumiu o trono após ele e criou a Galeria Militar de 1812, em homenagem à essa vitória. Ela contém mais de 300 retratos de militares que foram considerados heróis durante a guerra, inclusive retratos enormes do General Kutuzov, comandante do exército russo e responsável pela decisão de abandonar Moscou, e o duque de Wellington, aliado inglês dos russos.

Petersburgo Hermitage Galeria militar 1812 guerras napoleonicas

Nicolas I também contratou o arquiteto alemão Leo von Klenze construir o Novo Hermitage, o mais novo do complexo de palácios e o primeiro prédio da Rússia construído para ser um museu. Ele é mais conhecido pelos Atlantes, as gigantescas figuras masculinas de granito do lado de fora. Mas por dentro ele também é muito interessante, com salas decoradas para combinar com os objetos que deveriam abrigar.

Petersburgo Hermitage antiguidades gregas
Uma das salas dedicadas a antiguidades gregas, no primeiro andar

Os palácios sofreram várias reformas durante os séculos. Uma das maiores foi durante o reinado de Nicolas I, após o incêndio de 1837. Outra foi durante o reinado de Alexandre II. O tsar russo sofreu sete atentados durante a sua vida até aquele que finalmente o matou, onde hoje é a Catedral do Salvador Sobre o Sangue Derramado. Um deles foi no Hermitage, onde o grupo terrorista Narodnaya Volya (vontade do povo) colocou uma bomba. O tsar saiu da sala momentos antes que ela disparasse, mas ela matou onze pessoas e feriu mais trinta. Nas duas vezes, o palácio foi reconstruído segundo os gostos da época.

Petersburgo Hermitage alas mais modernas

Petersburgo Hermitage pós reforma atentado

Durante as três revoluções do início do século, o Palácio de Inverno foi um lugar chave. Durante a Revolução de 1905, foi para onde marcharam trabalhadores com uma petição cantando “deus salve o tsar”, sem saber que ele não estava lá. E foi lá que eles foram massacrados pela guarda, o que foi o estopim para a Revolução.

Durante a Primeira Guerra Mundial, ele foi usado como hospital militar.

Depois da Revolução de Fevereiro de 1917, o Governo Provisório adotou o palácio como sede de governo, reunindo-se na Sala de Malachita. Ela é uma das mais espetaculares do palácio, toda decorada com malachita.

Petersburgo Hermitage sala de malachita 3

Em outubro, o sinal para a Revolução Bolchevique foi dado quando o cruzador Aurora apontou suas armas para o Palácio de Inverno, enquanto os Bolcheviques tomavam a Fortaleza de Pedro e Paulo. Do lado de fora, uma multidão tentava saquear os tesouros e, principalmente, a adega do tsar. Eles estavam tão determinados a entrar que os Bolcheviques pensaram seriamente em explodir a adega ou em transmitir o vinho para o povo pelo encanamento do palácio. No final, eles declararam lei marcial contra quem saqueasse o palácio.

Foram eles que decidiram transformar todo o complexo em um museu, aberto para toda a população. Primeiro, ele contava a história da Revolução e mostrava o luxo em que a família real vivia, já que as antiguidades e pinturas tinham sido transferidas para Moscou por segurança. As coleções aumentaram muito enquanto coleções particulares eram confiscadas por toda a Rússia, e logo o Hermitage se tornou um dos maiores  museus do mundo. Desde então ele só esteve fechado para os russos durante a Segunda Guerra, quando a maioria das obras foi escondida nos porões ou evacuada para mais longe dos bombardeios. Depois elas foram retornadas com a vitória dos Aliados.

Petersburgo Hermitage ala de alexandre iii

Petersburgo Hermitage sala de visitas das tsarinas

Só nos palácios à beira do Nevá, dá para passar dias, e ainda tem o Depósito, o prédio do Estado-Maior, onde hoje ficam as Coleções dos Impressionistas, o que sobrou do Palácio de Inverno de Pedro I, recentemente escavado, o Palácio Menshikov, do grande amigo e aliado de Pedro I, a fábrica de porcelana dos Romanov… Quando você acha que visitou todo o Hermitage, descobre as sedes no exterior. Ou seja, não tem fim para as coleções.

Terminando com mais chão!

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