Volta ao Mundo em Filmes: Etiópia – Lamb

O filme escolhido para a Etiópia foi Lamb, de Yared Zeleke, o primeiro filme etíope a aparecer na seleção do Festival de Cannes.

O filme começa nos apresentando a Ephraim, um menino que acabou de perder a mãe, e Chuni, a ovelha que pertencia a ela e a qual ele é extremamente apegado. O pai decidiu ir procurar trabalho na capital, em Addis Ababa, e por isso leva o menino para a casa de alguns parentes, que prometem cuidar dele.

Lá vivem uma tia-avó, um tio extremamente rigoroso, uma tia amorosa, mas muito ocupada com a filha doente, e uma prima mais velha, que já passou da “idade de casar” mas que está mais preocupada em ler jornais. Eles são muito pobres, e mal conseguem se alimentar, e vêem a chegada da ovelha de Ephraim como um grande presente: por causa dela, eles vão comer carne durante as próximas festas. É claro que ele vai lutar de todas as formas para salvá-la, aplicando toda a engenhosidade em conseguir escondê-la enquanto planeja uma fuga.

A questão não é só a da carne. Ephraim gosta de cozinhar, o que ele aprendeu com a mãe, e, enquanto a tia se delicia com as samosas que ele prepara, o tio fica indignado, chamando-o de menina. Nem a possibilidade de ganhar dinheiro vendendo comida de rua torna a ocupação menos vergonhosa para ele. Para ele, o amor do menino para a ovelha é ainda outra prova de que ele foi criado errado, e por isso ele pressiona para que o sobrinho aprenda a sacrificar animais. Por outro lado, é o que a prima sofre, com uma família que acha que o lugar dela é casar e ter filhos.

A imagem da Etiópia que aparece muito nas notícias é a de desertos, e o diretor mostra um lugar mais diverso. A vegetação por onde eles passam é exuberante. Depois li uma entrevista com Zeleke em que ele menciona que 70% das montanhas da África estão na Etiópia, e que ele quis mostrar um pouco dessa paisagem.

Também é mais diverso em outros pontos de vista. Sim, existe miséria na Etiópia do filme, mas ele também mostra uma Etiópia que tem outros desafios (como os papéis de gênero que prendem uma nova geração, que tenta se libertar deles), e outras qualidades (como a diversidade religiosa que o filme mostra, mas que nunca causa atritos entre os personagens). Gostei como escolha para o país, e é um filme muito bonito.

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