Volta ao Mundo em Livros: India – The God of Small Things

Foi muito difícil escolher um livro para a Índia. Eu recebi várias indicações, e fiquei com vontade de ler todos eles. Mas no final acabei escolhendo The God of Small Things, de Arundhati Roy.

The God of Small Things começa com o retorno de Estha para a casa de sua família. Sua irmã gêmea, Rahel, chega logo depois, e aprendemos que eles foram separados 25 anos antes pela família, logo após o funeral da prima deles, Sophie, que se afogou no rio da cidade.

Nós aprendemos primeiro sobre a vida deles como adultos. Estha em algum momento se tornou o Silencioso, sai em longos passeios, limpa as próprias roupas obsessivamente, e nunca se preocupou em ir para a faculdade. Rahel por outro lado estudou arquitetura e teve uma relação com um americano, mas passou os últimos anos presa em empregos sem futuro, e o narrador a chama de Vazia. Ambas as vidas deles parecem ter sido profundamente afetadas pela separação e pelos acontecimentos relacionados à morte da prima, por sentimentos e culpas que continuam voltando nas mentes deles.

O livro pula de um momento para o outro, e desde o início eu estava intrigada com o pouco de informação que ela nos dá. O que a mãe deles estava tentando esclarecer para um policial, que a chamou de vadia e a assediou? E por que ela morreu sozinha em um hotel? O que destruiu as vidas dos gêmeos, e o que exatamente aconteceu naquela noite? No início era mais curiosidade, mas fiquei apaixonada com o livro, e no final eu não conseguia parar de pensar sobre ele.

Nós aprendemos que a mãe deles, chamada apenas de Ammu, mamãe, não tinha um dote e que estava desesperada para sair de casa. Ela se casou com o primeiro homem que apareceu, que acabou se revelando alcoólatra e abusivo. Ela voltou para casa então com os gêmeos, o estigma de ser divorciada e a certeza de que a vida dela tinha acabado. Ela tenta criá-los em meio a uma sociedade que acha que ela não tem lugar ali, algo que os gêmeos sentem ainda mais quando conhecem a prima Sophie, nascida na Inglaterra e “amada desde o princípio”.

É algo que eles começam a entender, que existem “Leis do Amor”, que definem quem deve ser amado, como e quanto. Ao redor deles, eles vêem isso o tempo todo. A tia-avó acha que é vergonhoso que a mãe deles, uma cristã, tenha se casado com um hindu, e mais ainda que tenha se divorciado dele. O pai dela, por outro lado, não gostava que ela tivesse se convertido ao catolicismo. Rahel sente como quase todos a tratam de forma diferente do irmão porque ele é um menino. A prima explica para eles um dia que eles são “wogs”, palavra ofensiva para quem não é branco, enquanto ela mesma é “half-wog”. O homem que eles adoram, Velutha, é um intocável, e ainda por cima um comunista.

A história é ótima, e adoro como a autora a desenrola lentamente, mostrando temas como colonialismo, o sistema de castas e desigualdade. Ao mesmo tempo fiquei muito feliz com a minha escolha, e com vontade de ler todos os livros que tinham me recomendado.

2 comentários

  1. Sara

    Oi, vocẽ tem outras sugestões de livros indianos? Quero ler bastante antes de ir para lá

    1. Julia Boechat

      Oi, Sara, tudo bom? Que legal que você tá indo para a Índia, também tenho muita vontade! E que tá lendo antes de ir, haha
      Esses são alguns que me recomendaram:
      White Tiger, de Aravind Adiga,
      Midnight Children, do Salman Rushdie,
      The Palace of Illusions, de Chitra Banerjee Divakaruni,
      Sea of Poppies, de Amitav Ghosh,
      Train to Pakistan, de Khushwant Singh

      Espero que você curta.
      Abraços

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