Volta ao Mundo em Filmes: Taiwan – As Coisas Simples da Vida

Taiwan tinha muitos filmes que pareciam interessantes, mas acabei ficando o As Coisas Simples da Vida, de Edward Yang, por causa da sua proposta de mostrar a vida de três gerações de uma família de hoje em dia.

O filme trata da vida de uma família em um bairro afluente de Taipei. A matriarca tem um derrame e fica em um coma, tendo que ser cuidada pela filha, Min-Min (Elaine Jin), que tenta envolver todos no ritual de conversar com ela. Todos são afetados por isso, a começar pela própria Min-Min, que ao ser forçada a falar sempre si, entra em desespero com o que ela percebe da monotonia de seus dias. Todos os dias, ela conta os mesmos acontecimentos para a mãe. Como os seus dias podem ser resumidos em tão pouco?

Seu marido, NJ (Wu Nienjen), é um executivo de sucesso, mas insatisfeito com a vida. Ele acha que sua honestidade não é valorizada no seu meio de trabalho. Ele também está em crise na vida pessoal, desde que encontrou, no casamento do irmão, o seu primeiro amor, uma mulher (Ke Suyun) que ele tinha abandonado muitos anos antes. Agora ele se pergunta se agiu bem. Ele não tem muitos confidentes, e não é fácil falar sobre seus problemas. Talvez por isso ele escolha Mr. Ota (Issey Ogata), um empresário japonês com quem ele tem que falar em inglês, única língua que eles têm em comum, e a sogra, em um coma. Falar com ela, ele nota, é como rezar, já que você não sabe se alguém está ouvindo.

A filha adolescente do casal, Ting-Ting (Kelly Lee), em meio a uma crise de identidade entre a lealdade por uma amiga e o crush no namorado dela.

Finalmente, eles tem um filho de oito anos, Yang-Yang (Jonathan Chang), que sofre bullying na escola e que tenta se expressar com fotos. Ele está preocupado em mostrar aos outros o que eles não podem ver, e por isso tira fotos da parte de trás da cabeça das pessoas. Na escola, um professor o ridicula chamando-o de avant-garde.

Segundo críticas que eu li, o nome do filme em chinês, Yi Yi, significa um um. Talvez outra forma enganadora de simplicidade, é só a história de alguns indivíduos? Mas para mim o filme é bem mais ambicioso, e não é por nada que as histórias são enquadradas entre um casamento e um funeral. Um filme maravilhoso, sobre como acabamos com a vida que temos, e o que fazemos quando a questionamos.

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