Vendo um Ballet no Bolshoi (e como comprar o ingresso de estudante)

Em Moscou, eu queria muito ver um espetáculo no Bolshoi. Mas não queria pagar os preços do Bolshoi, se conseguisse evitar. Por isso quando li em alguns blogs sobre o ingresso para estudantes, achei que valia a pena tentar. Deu certo, e acabei vendo um dos ballets russos mais famosos, La Bayadère, com uma bailarina famosa e pagando apenas cem rublos (menos de 6 reais). Vou contar tudo em detalhes então, para quem está planejando ir.

Praça do ballet bolshoi moscou ingresso estudante

O ingresso para estudantes

Os ingressos para estudantes são vendidos no dia do espetáculo por preços baixos, e queria tentar ver se conseguia um.

No dia que eu fui, eu trabalhei até as duas e depois fui à bilheteria tentar a sorte. Se você está de frente ao Bolshoi, essa bilheteria é um prédio amarelo à esquerda, do lado da estação de metrô. A entrada certa é a primeira, com alguns degraus.

Eu fui lá e estava fechado, mas tinha lá alguns cambistas, um grupo de mulheres mais velhas e uma estudante. Essa menina me perguntou na hora de eu estava atrás da lista, e eu assinei no número 49. Essa lista garante a prioridade da entrada para comprar o ingresso, e por isso quando o espetáculo é mega popular tem que chegar de madrugada para conseguir assinar. A menina que estava com a lista me contou que frequentemente, nos horários em que a bilheteria fecha, a lista some e eles começam outra, e todo mundo que já tinha assinado perde a vez. Por isso estudantes costumam se revezar para esperar do lado de fora com a lista.

Ballet Bolshoi Moscou ingressos estudante binóculos

Ela também me mostrou que as mulheres mais velhas tinham “a outra lista”, porque os ingressos a preços de estudante são vendidos, e se não tiver mais estudantes para comprar por esse preço, qualquer um pode. Fiquei pensando se não devia colocar meu nome na outra lista, mas decidi que sempre podia tentar de novo no dia seguinte.

Perto das quatro, os estudantes começaram a organizar a fila, chamando todo mundo pelo nome. Volta e meia chegava mais alguém e perguntava o meu número para achar o seu lugar da fila.

Quando a bilheteria abriu, fui comprar meu ingresso e a caixa olhou para minha carteirinha e imediatamente falou “o que é isso?”, em russo, depois continuou em inglês “russian students only, you back of the line”, e lá fui eu para o final da”outra fila”, tentando calcular mentalmente se ia dar. A mesma coisa aconteceu com um casal da Sérvia. Quando todos os estudantes tinham comprado, a caixa apontou para nós três e falou “agora os estudantes internacionais”, e o segurança falou que a gente podia passar na frente, mas só se a gente tivesse o dinheiro em mãos, não era para pagar com cartão. Como eram só cem rublos, foi tranquilo. Conseguimos comprar sem problemas, só precisava do passaporte, e o segurança me explicou que o ingresso era nominal e que eu ia precisar do passaporte de novo para entrar no teatro.

Se eu fosse fazer isso de novo, para ter mais certeza de entrar, eu teria acordado cedo e colocado meu nome na “outra lista”. Para quem quer tentar, já adianto que recomendo muito fazer isso, mas só para quem tá disposto a pagar mais ou não ir caso não der certo, quem tem tanto tempo em Moscou que perder um dia para fazer isso não importa, e quem não liga de ficar de pé por algumas horas, porque esse ingresso não tem assento, é para ver de pé.

Ballet Bolshoi Moscou ingresso estudantes de pé
O “assento” de estudantes
Ballet Bolshoi Moscou telhado

O espetáculo

Entrei no Bolshoi pela entrada lateral (no ingresso tem escrito entrada da direita ou da esquerda). Realmente olharam meu passaporte e tive que abrir a bolsa, mas não ligaram que eu tinha água e vi muita gente entrando com lanchinho. Sei que muita gente se preocupa com a roupa, se tem dress code, mas tinha gente de fraque e gente de jeans e tênis, tava bem parecido com quando vou à Ópera aqui em BH. Estréias costumam ser mais chiques.

O ingresso era, é claro, lá em cima, e quando cheguei lá o casal sérvio me falou que da quarta fileira não dava para ver nada, mas que ninguém ficava lá. O povo da terceira se amontoou na segunda e o da quarta foi para a terceira. Um pouco do palco era obstruído pela pessoa na minha frente, mas bem pouco, e pelo que conversei no albergue vi muita gente que pagou sete mil rublos e teve uma vista pior.

Ballet Bolshoi Moscou aplausos bailarinos
A vista do meu assento

O espetáculo era La Bayadère, com música de Ludwig Minkus e coreografia do Petipa, um dos mais famoso da Rússia. Era o bicentenário do seu nascimento, então vários dos seus ballets estavam sendo encenados tanto em Moscou quanto em Petersburgo, e por isso o repertório estava cheio de clássicos. Uma das partes mais famosas é a Dança das Sombras, e vê-la no cenários encantador do Bolshoi, com bailarinos famosos, foi incrível. Se não tivesse conseguido o ingresso barato, eu teria pago e teria valido a pena.

Uma das partes mais legais é que na minha frente estava um grupo de estudantes de dança, e eles estavam vibrando visivelmente. Eu não entendo de ballet, mas ao ver a empolgação deles com os movimentos mais difíceis, minha sensação de estar vendo algo único só aumentava.

Ballet Bolshoi Moscou vista de cima

No intervalo, a moça russa que tinha me ajudado na fila veio conversar comigo e com o casal da Sérvia e nos levou para conhecer o prédio do Bolshoi. Na entrada principal, há salas muito lindas e uma exposição com fotos e fantasias dos balés originais.

Ela também nos deu alguns chocolates (da outubro vermelho, claro) falando que era uma tradição russa comer algo doce no teatro.

Ballet Bolshoi Moscou salão
Ballet Bolshoi Moscou fantasias
Ballet Bolshoi Moscou assentos de honra

Essa foi minha experiência no Bolshoi. Em Petersburgo, também queria ir ao teatro e consegui pegar duas óperas russas no Mariinsky. Também vou contar sobre elas em breve.

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