Os Mercados do East End

Hoje o East End está no radar dos turistas por causa das galerias de arte alternativas, a arte de rua (da qual já falamos um pouco no post sobre a relação ambígua de Londres com esse tipo de arte), a comida indiana e as lojas vintage. Não foi sempre o caso. Por ser um bairro de imigrantes e trabalhadores, por muito tempo existiu preconceito contra as pessoas do East End. Até hoje o sotaque cockney é motivo para zombarias (pense Audrey Hepburn em My Fair Lady). Para muitas pessoas de partes mais ricas da cidade, ele era sinônimo de pobreza, superlotação, doenças e criminalidade. O East End era uma área de prostituição, e por isso foi lá que aconteceram muitos dos crimes de Jack, o Estripador, e foi dominado depois pela máfia, inclusive os irmãos Kray, que depois estiveram entre os últimos prisioneiros da Torre de Londres.

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Um dos símbolos do East End

O nome do East End vem da localização: era a parte da cidade além das muralhas romanas, o final leste. Por ser fora dos muros, onde a regulação de ofícios era menor, tornou-se um lugar comum entre imigrantes. No século XVII vieram os Huguenotes, protestantes franceses fugindo das guerras de religião. Depois vieram os irlandeses, os judeus ashkenazis, e os indianos e bangladeshis (motivo por ela ainda ser chamada de Banglatown), e eventualmente a cidade cresceu a ponto de engolir o East End. Aliás, um dos motivos pelos quais o East End é conhecido em toda a cidade é pela excelente comida indiana que se encontra em torno de Brick Lane, que ficou conhecida como “London curry capital”. Hoje ele está ficando mais conhecido como o bairro da vez dos artistas e hipsters.

Hoje vamos falar só de um aspecto disso, que são os mercados. Centenas de mercados acontecem em Londres toda semana, e é difícil acompanhar. Por isso vamos falar um pouquinho sobre alguns dos mercados do East End.

Para quem prefere passar o dia fazendo compras, tem o Old Spitalfields Market, um nome bem condizente, porque é o mercado mais antigo de Londres, tendo sido aberto em 1638. Na época, ele vendia carne e verduras, mas esse mercado depois foi transferido para o New Spitalfields Market. E no Old, ficou um mercado que abre diariamente vendendo roupas e acessórios, mas com opções diferentes de quinta a domingo. Às quintas-feiras, eles vendem antiguidades, objetos de decoração, moda vintage. Às sextas, moda e design, e na primeira e terceira sexta do mês também tem uma feira e vinil. Cada sábado tem algo diferente, e vale a pena conferir antes. Aos domingos, tem de tudo. De domingo à sexta, ele abre das 10 às 17, e aos sábados é das 11 às 17. Tem opções de comida todos os dias.

Também existe o Spitalfields market, que tem barraquinhas todos os dias da semana. Os dois mercados são tão próximos que parecem um só, mas tem sites, horários de abertura e programações diferentes. De segunda a sexta e aos domingos funciona o Traders Market, que tem uma variedade enorme de barraquinhas. Dá para achar vintage, moda alternativa, acessórios, etc. Aos sábados, funciona o Style Market, que foca em moda alternativa. Eles têm uma reputação por itens de alta qualidade feitos em pequenas quantidades. Às quartas, funciona o Producers Market, com comida orgânica. Em um fim de semana do mês, funciona também o Arts Market, que mostra obras de artistas jovens, de pintura a fotografia. Ele funciona de segunda à sexta das 10 às 17, os sábados das 11 às 17 e aos domingos das 9 às 17.

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O Brick Lane Market é mais conhecido pelo mercado, claro, mas a história da área é bem mais antiga. Era onde ficava um cemitério romano, parte do qual ainda pode ser vista. Ele é um mercado desde o século XIX, e funciona tradicionalmente aos domingos porque a maior parte da população da área era judia, e guardava o sabbath. No resto de Londres a população era majoritariamente cristã, e mercados geralmente aconteciam aos sábados porque domingo era dia de missa.

O que acontece aqui é bem parecido com o que acontece em Camden: o nome é enganador, e o Brick Lane Market na verdade são vários mercados diferentes.

Um dos mais recentes, aberto apenas desde 2011, é o Boiler House Food Hall, um mercado focado em comida que acontece todos os domingos das 11 às 18. São mais de 30 barraquinhas vendendo a comida dos imigrantes da região, como indiana e bangladeshi, mas também internacional, polonesa, peruana, portuguesa, etc. Ele inclue ainda um Beer Garden.

Também tem o Tea Rooms, que, como o nome indica, começou principalmente como um mercado vendendo tipos diferentes de chá, mas também tem móveis, itens de decoração feitos a mão, colecionáveis, antiguidades. Ele abre aos sábados de 11 às 18 e domingos das 10 às 17.

O Backyard Market funciona quase como um lugar de exposição para a comunidade criativa do East End, e tem uma ênfase em artistas jovens. Tem cafés, butiques e até salões de beleza, e funciona sábados e domingos.

O SundayUp Market tem mais de 200 barraquinhas com roupas e acessórios feitos a mão ou vintage, arte, discos de vinil, artesanato, comida orgânica. Ele abre aos domingos das 10 às 17.

E como não podia deixar de ser no East End, tem o Vintage Market, que é operado por especialistas e tem principalmente roupas das décadas de 20 e 30. Eles também tem acessórios, discos de vinil, e algumas antiguidades. Ele funciona às sextas e sábados das 11 às 18 e aos domingos das 10 às 17.

Domingos são os melhores dias para visitar os mercados, mas nos outros dias também dá para fazer tours de arte de rua, visitar as galerias, comprar nas lojas vintage e outros lugares tradicionais. As lojas de bagel são quase instituições de Brick Lane, principalmente a Beigel Bake, que funciona 24 horas por dia. Segundo eles, o que mais vende é o “salted beef and english mustard beigel”.

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O Roman Road Market, que acontece terças, quintas e sábados até as 16h, foca principalmente em moda feminina e itens para a casa. Ele existe há 150 anos, e funcionava ilegalmente por grande parte desse tempo. Aliás, a área foi sempre considerava radical, era um ponto de encontro de socialistas e suffragettes, por ser onde vivia Sylvia Pankhurst.

O Columbia Road Market é um mercado de flores. Vale a pena passar por lá mesmo se você não tiver interesse em comprar nada, porque a rua fica linda e porque ela é cercada de lojinhas e cafés interessantes.

O Petticoat Lane Market era famoso na época vitoriana por vender rendas. O East End era de onde vinham huguenotes fugidos da França, e a maioria se estabelecia na indústria têxtil. Hoje ele é menos glamuroso, e vende principalmente sapatos e roupas baratos. Mas é um lugar onde dá para garimpar e achar algo legal. O Whitechapel Market também é conhecido por roupas e acessórios baratos. Ele também é um bom lugar para achar comida, especialmente ingredientes vindos da Ásia.

O Broadway Market é um centro da Londres hipster. Lá dá para comprar antiguidades, vinis, livros usados e tem uma feirinha de comida muito boa. Muita gente pega a comida e vai comer no parque London Fields, lá perto. A região é cheia de galerias e ateliês. O mercado foi a inspiração para o mercado de rua da série EastEnders, da BBC, que mostra a vida de uma comunidade do leste de Londres.

Para quem ama mercado de pulgas, tem ainda o Hackney Flea Market. Ele acontece só uma vez por mês, então é bom checar, e lá dá para encontrar vinis, roupas vintage, acessórios, mobília, tecidos, etc. Também tem barraquinhas com pessoas vendendo peças de produção local. De vez em quando o D.I.Y. Art Market acontece conjuntamente, dando a artistas emergentes a oportunidade de vender suas produções.

O Netil Market em London Fields é um lugar focado em dar espaço para jovens designers locais. Algumas das barraquinhas são regulares, outras estão em rotação constante, e dá para achar roupas, objetos de decoração, bijuterias, ilustrações, arte. Também há opções de comida. Ele acontece de segunda à sexta das 9 às 18, e nos fins de semana das 11 às 18.

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