O que sobrou do último baile do Império: passeio pela Ilha Fiscal

Quem vai do Rio a Niterói, seja pela ponte ou de barca, vê o castelinho verde em uma ilha minúscula da Baía. Eu me lembro de passar por lá com meus tios, e ouvir que aquela era a Ilha Fiscal, e lá tinha acontecido o último baile da monarquia. Aparentemente eu não era a única que ficava fascinada com essa informação, porque o passeio para a Ilha Fiscal tem ficado lotado nos fins de semana.

baía de guanabara ilha fiscal

Para chegar lá, eu fui ao Espaço Cultural da Marinha. De lá saem três barcos para a ilha todos os dias, às 12:30, às 14 e às 15:30. Nesse dia, o barco foi substituído por uma van, porque o mar estava revolto, mas de qualquer forma é um translado rápido.

Chegando na ilha fiscal
Chegando à ilha de ônibus

A primeira informação que a guia nos deu ao chegar à Ilha Fiscal foi de que aquele palacete não foi construído para ser um lugar de festa. O Palacete foi construído como alfândega, por decisão de Pedro II. A ilha foi escolhida por sua posição, em frente à Praça XV. O Castelinho também foi construído para servir de orientação aos navegantes, com a fachada principal voltada para o pólo sul.

O palacete em estilo neogótico foi construído pelo engenheiro Adolpho del Vecchio. Dom Pedro ficou bem satisfeito com o resultado, dizendo  “A ilha é um delicado estojo, digno de uma brilhante jóia”.

palacete ilha fiscal

No alto do palácio, fica um brasão da monarquia. Dizem que ele foi o único da cidade a não ser destruído com a proclamação da república. Foi Rui Barbosa que pediu a sua preservação, dizendo que aquilo não era um símbolo da monarquia, era uma obra de arte.

brasão da monarquia ilha fiscal

No começo da visita, fomos a um salão onde vimos um vídeo de dez minutos em que uma convidada do baile contava da festa. Ela aconteceu em homenagem aos oficiais do navio chileno Almirante Cochrane, em 9 de novembro de 1989. O visconde de Ouro Preto queria tornar essa festa memorável, para reforçar a posição da monarquia contra as conspirações republicanas. Por isso, a festa foi verdadeiramente nababesca. Iguariais incomuns como faisão e sorvete foram servidas, e foi gasto o equivalente a 10% do orçamento do Estado do Rio de Janeiro. Ironicamente, ele se tornaria o símbolo do fim do império, embora D. Pedro não gostasse de eventos assim e essa tenha sido uma ocasião única.

ilha fiscal

Na Ilha, podemos ver alguns objetos da festa, como um convite e um menu, e uma sala fechada, que vemos pelo vidro, com uma mesa de jantar montada. O tour não foi tão interessante, com muitos comentários no estilo “as mulheres vão adorar ver as roupas” e “as mulheres vão adorar ver as louças”.

Tinha um quadro em que o pintor quis retratar o significado do último baile, colocando os ventos que traziam a República representados com o monarca e os convidados.

quadro do último baile da monarquia

Depois subimos alguns lances de escada para ver uma sala preservada com vitrais da época da monarquia, que mostram Dom Pedro II e a Princesa Isabel. Do lado de fora, uma varandinha tem uma vista para a cidade.

vitrais ilha fiscal

Finalmente, a visita passa pelo Museu da Marinha, que é uma parte que eu não curti. Ele é super kitsch, e eu teria preferido mais informações sobre o baile ou uma exposição sobre a Revolta da Armada, quando a ilha passou seis meses na mão dos revoltosos. Mas ele também é bastante breve.

Foi melhor o tempinho livre que tivemos para ver a vista, e logo já estávamos de volta ao ônibus para voltar para o centro do Rio.

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