Volta ao Mundo em Livros: Islândia – Moonstone

Sjón, que só recentemente ganhou a primeira tradução brasileira, é parte do cenário cultural da Islândia desde os anos 70, e colaborou em várias canções com a Bjork. Ele usa esse pseudônimo, que significa visão e serve como abreviação do seu nome, Sigurjón Birgir Sigurðsson. Recentemente ele veio à Flip em 2017, onde eu comprei o seu livro Moonstone.

O livro conta a história de Máni Steinn, um menino de 16 anos que vive em Reykjavik em 1918. Ele é um apaixonado pela moda nova, o cinema, e assiste a todos os filmes que estréiam na cidade.

No cinema, ele se apaixona pelo filme Les Vampires, um filme que foi criticado na época por sua amoralidade, mas que se tornou cult entre os surrealistas franceses. Ele adora a anti-heroína do filme, Irma Vep, sempre vestida de preto, sempre às margens. Ele encontra sua própria Irma Vep em Sólborg Gudbjörnsdóttir, que ele chama de Sóla G, e que anda por Reykjavik com sua moto.

Para ganhar o dinheiro para ir aos filmes, Máni Steinn se prostitui. É com uma cena sua com um cliente que o livro começa, em que ao mesmo tempo ele tenta continuar a transar com o cliente e prestar atenção se o barulho que ele ouve é o da moto de Sóla G. Na sociedade em que ele vive, a homossexualidade é um tabu, e não é o único com o qual ele tem que lidar.

É a época da Primeira Guerra Mundial, a Islândia acabou de se tornar independente e o vulcão Katla está em erupção. Agora, um barco traz para o país a gripe espanhola. Os cinemas, atacados pelos moralistas por induzirem os jovens à tentação, tornam-se lugares de contágio. Nós vemos tudo pela perspectiva onírica de Máni Steinn, que vê a cidade vazia e as pessoas vestidas de preto como se seus devaneios tivessem invadido a realidade.

“No matter how distressing the scenes, the boy remains impassive … Reykjavík has, for the first time, assumed a form that reflects his inner life: a fact he would not confide to anyone.”

O livro foi escrito como homenagem a um amigo do autor, morto durante a epidemia da Aids. Por isso, muitos o descrevem como o livro mais pessoal e comovente dele. Ainda não sei dizer se é verdade, mas lerei em breve outros livros de Sjón.

Deixe uma resposta