A graça de fazer um programa turistão

A minha família é do Rio, então na hora de decidir o destino de férias, a gente acabava indo sempre para lá. Quando eu e meus primos éramos crianças, nossos pais nos levaram em alguns dos pontos turísticos que eles achavam que a gente deveria conhecer, como o Cristo e o Pão de Açúcar, mas depois a gente nunca mais voltou, em parte porque são passeios bem caros, mas em parte porque nós nos víamos quase como locais no Rio. E locais não fazem programas turistões.

Vista do Arpoador

Mas em julho-agosto de 2016, eu fui para o Rio com uma amiga estrangeira que não conhecia a cidade, e que obviamente queria fazer esses programas todos. No topo da lista dela: praia de Copacabana, Cristo, Pão de Açúcar e Escadaria Selarón.

Ou seja, os tipos de lugares que a gente descreveria dizendo algo do tipo “é turistão, mas se é sua primeira vez no Rio tem que fazer”. Que a gente olha de forma condescendente para quem faz e depois diz “é legal, mas se você quiser conhecer o Rio como local, você deve ir em x ou y”. Não era minha primeira vez no Rio, nem mesmo minha primeira vez em nenhum desses lugares, mas ainda achei que foi bem legal.

Pão de açúcar Rio

Aqui no blog eu sempre tento falar de lugares diferentes, fora da rota comum, porque acho que muitos são tão incríveis como as atrações mais famosas, ou muito mais legais. Também gosto de falar que nenhum lugar é “obrigatório”, e se aquele programa do qual todo mundo fala não te interessa nem um pouco, não vá. Mas hoje também quero falar que também pode ter graça fazer aquele programa turistão, turismo-de-massa, que todo mundo faz.

Pista Claudio Coutinho
Pista Claudio Coutinho: tem um motivo pelo qual ela está em todos os roteiros

Afinal, por mais que a gente goste de achar que viveu como um local quando passou dez dias em uma cidade estrangeira, isso não é verdade. A gente ficou turistando, e não tem vergonha nisso. Todo mundo odeia admitir que gosta do mainstream. Que sonha em tirar aquela foto tosca segurando a torre de Pisa ou beijando a esfinge no Egito. A gente quer parecer refinado, cosmopolita, o tipo de viajante que jamais seria pego gastando sete euros em uma garrafa de água só porque o café tem vista para a Torre Eiffel. Mas a questão é que não precisamos escolher. Podemos fazer o programa turistão um dia, e o diferentão em outro, e ver o interessante de cada um.

O Cristo Redentor e o Pão de Açúcar são definitivamente programas turistões. Eles são caros, superestimados e mega comerciais, mas olha essa vista. Essa vista vale as filas, a van caríssima e as multidões. Você vê isso e entende porque vem gente do mundo inteiro sonhando com essa cidade.

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A escadaria Selarón parece clichê porque apareceu em clipes do U2 e do Snoop Dogg e foi alvo esse hype imenso. Mas ela tem um charme imenso por causa da sua história. O artista plástico Selarón a construiu durante 20 anos como homenagem ao lugar onde ele escolheu viver, e ao longo do tempo ganhou azulejos de mais de 60 países. Eu subi prestando atenção nos azulejos diferentes, olhando os lugares onde já tinha ido e os milhares de lugares que ainda quero visitar.

Escadaria Selarón Rio 1

Escadaria Selarón Rio 2

Esse ano, vem outra amiga de fora visitar e já prometi levá-la ao Rio de novo, além de outras cidades brasileiras. Então vou ter que fazer os mesmos programas turistões de novo. E não vou nem fingir que não to adorando a desculpa para visitá-los de novo.

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