Quando eu decidi visitar a FLIP na edição de 2017, meus planos eram de aproveitar algumas das manhãs, quando a programação oficial não parecia tão interessante, para visitar Trindade e fazer um passeio de escuna. Quando eu cheguei lá, percebi o quanto tinha subestimado a programação alternativa. Tinha tanta coisa para fazer que logo desisti da idéia de sair do centro histórico, e mesmo assim eu teria que ser três pessoas para fazer tudo que me interessava.
No programa oficial da FLIP, eles recomendavam algumas casas como parceiras do evento. A Casa Folha é a mais famosa delas, tem uma programação imensa e lotada de autores interessantes, mas eu acho que para conseguir entrar lá, sua mãe tem que entrar grávida na fila. Falando sério, as filas levavam horas e justificavam os engraçadinhos que chamam a FLIP de Fila Literária Internacional de Paraty. Mas de noite tinha música ótima na casa. Nunca consegui entrar, mas eles colocavam alto-falantes e eu curtia a meio quarteirão de distância.
Outra Casa recomendada no folheto era a Casa SESC. O SESC tem três sedes em Paraty. Uma delas acabou de ser renovada, quase em frente à Matriz de Santa Rita, tem uma segunda também no centro histórica, e uma terceira no Camborê, a uma distância de vinte minutos andando pelo canal. Todas tinham uma programação ampla, o encontro de assinantes da TAG foi no Camborê, e além disso o SESC tinha eventos de rua, como a banda que passava todo dia às cinco pela cidade.
Também tinha a Casa Amado e Saramago, que celebrava a correspondência entre esses dois autores, a Casa Libre – Nuvem de Livros, onde foi lançada a cerveja feminista Conceição Evaristo, a Casa Sky, onde eu podia ver a programação oficial deitada nos sofás e com direito a cafezinho.
Parece muito, mas elas nem eram as únicas casas. Descobri ao receber um folheto sobre a Casa do Papel, onde eles ensinavam sobre práticas editoriais e tinham um milhão de oficinas diferentes. Eu consegui ir lá ver o que era na sexta, o que foi bom, porque me falaram que sábado tava impossível de entrar. Ainda descobri outra casa no instagram, e não cheguei nem a descobrir onde era.
Além das casas, parecia que tinha algo acontecendo a cada meio quarteirão na cidade. Eu andava um pouco, e encontrava um grupo de serenata.
Todo dia às cinco tinha uma banda que passava pela cidade tocando Tim Maia.
Mais um pouco, e os Médicos Sem Fronteira estavam projetando um filme nas paredes da praça.
Mais um pouco, slam das minas.
Em todo canto da cidade parecia que tinha sempre algo acontecendo, e era só andar pelo centro histórico para descobrir.
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