Como não perder o fôlego em Cusco

No meu albergue, a gente tinha uma piada falando que Cusco era uma cidade que tirava o seu fôlego. Literalmente. Por causa da altitude, a maioria das pessoas não conseguia subir um lance de escadas sem ficar sem ar.

Ruazinhas de Cusco 4

O meu primeiro dia em Cusco foi bem tranquilo, para tentar escapar ao mal de altitude, o temido soroche. Eu comi um almoço bem leve, no restaurante vegano Green Point, recomendação de um amigo peruano. Eles servem um menu com salada, sopa, prato principal, sobremesa e suco por 15 soles. Também comi na Bodega 138, uma pizzaria com massa fina e bem leve, recomendação do mesmo amigo, e em um buffet de comida israelense em que uma menina do albergue me levou. Só no terceiro dia é que resolvi encarar os pratos mais pesados.

Caminhei pouco, não bebi álcool, bebi muita água e chá de coca. Tive alguns efeitos leves do mal de altitude, principalmente dor de cabeça e insônia. Mas deu para aguentar, então não tomei o remédio e nem sei direito como funciona.

Ruas de Cusco à noite

No primeiro dia, fui até a Plaza de Armas, que era do lado do meu albergue. Ela é imensa, e quase completamente cercada por pórticos. Ela costumava ser o lugar da principal praça da cidade inca, mas foi coberta por edifícios coloniais, para que os espanhóis dessem uma mostra do seu poder. Nos prédios, ficam penduradas a bandeira do Peru e a bandeira arco-íris que representa os quatro cantos do Império Inca (e não do movimento gay, como eu pensei a princípio).

Na Plaza de Armas fica a Catedral de Cusco, muito famosa pela pintura que mostra a Santa Ceia com Jesus comendo um cuy, um porquinho da índia. Do lado dela, fica outra igreja famosa da cidade, a da Companhia de Jesus.

Foi um bom lugar para visitar logo na chegada, não só porque ela é linda e era perto, mas porque é um lugar super agradável para se sentar e ficar apreciando a vista, vendo as luzes se acenderem. Então, nada de esforço e nada de soroche.

É só andar um pouco em Cusco para ver como os vestígios do Império Inca estão por todos os lados. Afinal, a cidade ficava no centro dos quatro cantos do Império, e por isso foi apelidada de umbigo do mundo e feita capital. Essa cultura, e o orgulho de serem os herdeiros da civilização inca, dá para ver por toda a cidade. Em várias ruas dava para ver a diferença entre os muros coloniais, retinhos e com pedras do mesmo tamanho, e os muros incas, com paredes que se inclinam para o interior e pedras enormes, sem cimento entre elas.

Muros incas em Cusco 3
Paredes incas à esquerda e paredes coloniais à direita

Muros incas em Cusco 1

Em uma ruazinha, fica uma pedra famosa em toda a cidade, por que ela se curva em 12 ângulos. Quanto mais ângulos uma pedra tivesse, mais estável a parede.

Pedra de 12 ângulos em Cusco

Em uma pracinha, consegui ver um artista de rua que tocava instrumentos antigos incas e tirar fotos com llamas.

Uma das surpresas que tive lá é que sempre vi pessoas voltarem com várias fotos de locais em trajes típicos, mas lá vi que tem pouca gente com essa roupa e a maioria cobra para que essas fotos sejam tiradas. Se eu tivesse parado para refletir, provavelmente seria óbvio, mas na verdade nunca tinha pensado nisso.

O número de crianças trabalhando nisso me deixou muito desconfortável, e com medo de que elas estivessem sendo tiradas da escola ou ficassem sem lazer para tirar fotos com turistas.

Um dos lugares incas mais interessantes da cidade é o Qorikancha, antigo templo do sol que já mereceu post próprio.

Qorikancha 3

Só no terceiro dia de Cusco foi que animei de subir para San Blas, um bairro típico e muito lindo, mas com escadarias terríveis. Aliás, os morros nem eram tão ruins, Minas é bem pior. Mas eles ainda me tiravam o fôlego depois de segundos.

Lá também crianças passavam por mim com roupas típicas, levando cordeiros pela mão e me pedindo dinheiro para sair em uma foto, e eu imaginava que só nascendo lá mesmo para conseguir respirar naquela cidade.

Ruazinhas de Cusco 2

Nos últimos dias em Cusco, eu já estava me acostumando um pouco, comendo carne de alpaca (me recomendaram um restaurante ótimo no albergue, o Nuna Raymi, no qual tinhamos um pequeno desconto) e quinotto e bebendo drinks no albergue. A dor de cabeça continuava, mas nada terrível. Tava quase conseguindo manter o fôlego. 

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5 comentários

  1. Gabriela

    Rachei de rir de você falando do movimento gay. A bandeira é igual!
    Quero comer alpaca lá, você sabe recomendar um lugar? (Vou comer lá pelo terceiro dia, antes to pensando em ir nesse vegano).

    1. Julia Boechat

      Oi, Gabriela, tudo bom? Pois é, haha
      Eu comi alpaca com três molhos em um lugar chamado Nuna Raymi, estava incrível! Super recomendo.

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