Aqui são alguns lugares curiosos, cheios de mistérios ou pouco visitados de Roma. São lugares inusitados para fugir do beaten path. Espero que vocês curtam a lista!
A Bocca della Verità
A Basílica de Santa Maria in Cosmedin é uma igreja medieval de Roma. Ela foi construída no século VIII, e foi decorado por monges gregos que escapavam da perseguição iconoclasta. Ela logo ficou conhecida pela beleza dos seus mosaicos, e por isso recebeu o nome de Cosmedin, do grego Kosmidion, a ornada.
Mas a atração mais famosa dessa igreja fica no pórtico da Igreja. Lá foi preservada uma antiga estátua redonda, cujo uso original ainda é desconhecido. A estátua tem os olhos, narinas e boca abertos, o que gerou um boato engraçado. Diziam que se você colocasse a mão lá dentro e contasse uma mentira, ela morderia a sua mão. Por isso, ela ficou conhecida como a Bocca della Verità, a Boca da Verdade.
O Buraco da Fechadura
Saindo da Igreja, à direita fica uma das sete colinas de Roma, o Aventino. Lá um dos edifícios é o Grão Priorado de Roma da Ordem dos Cavaleiros de Malta. Esse prédio ficou famoso por uma curiosidade fascinante: se você olhar pela fechadura, tem uma vista perfeita para a Basílica de São Pedro.
Lá do lado, outro lugar conhecido pela vista: o Jardim de Laranjas da Igreja de Santa Sabina.
A Falsa Arquitetura na Igreja de São Inácio
A Igreja Jesuíta de São Inácio foi construída para ter uma enorme cúpula, mas o dinheiro faltou, e ela nunca foi construída. Ao invés de destruir completamente os plnos, eles contrataram Andrea Pozzo para pintar um trompe l’oeil. Assim, de dentro da igreja, você tem a impressão que a cúpula realmente existe, contanto que você fique no ângulo certo.
As pintura usam uma técnica conhecida como quadratura, em que elementos arquitetônicos são colocados em uma perspectiva forçada. Ele escreveu um livro sobre a técnica, que se tornou popular durante o barroco.
Ao entrar na Igreja, evite olhar para cima até você chegar no marcador de mármore que indica o lugar ideal para ver o domo. Um outro marcador indica o lugar ideal para ver o resto do teto.
Palácio dos Monstros
Entre a va Sistina e a Via Gregoriana fica um palácio conhecido pela sua fachada. A porta as janelas ficam circundadas por enormes bocas, e embora o nome oficial do prédio seja Palazzetto Zuccari, ele é mais conhecido pelos romanos como Palácio dos Monstros.
Barroco ao gosto do freguês
Na Via delle Quattro Fontane fica uma encruzilhada em que se vêem quatro fontes, e três obeliscos. Nesse lugar você pode fazer uma escolha entre os dois famosos arquitetos de Roma do século XVII. De um lado, o obsessivo Borromeo, que construiu a Igreja de San Carlo alle Quattro Fontane. Ela desafia as normas do barroco, e vale a pena entrar para ver o domo. Do outro lado, o incrível Bernini construiu Sant’Andrea al Quirinale. Essa igreja é frequentemente descrita como teatral pelo modo como usa mármore, pinturas, madeiras folheadas a ouro e luz para contar a história de Santo André. Não deixe de visitar as duas e escolher a sua versão preferida do barroco.
San Carlo alle Quattro Fontane
Sant’Andrea al Quirinale
A Porta Alquímica
A Porta Alquímica é famosa entre os romanos, embora seja menos conhecida por turistas. Ela fica dentro do parque de Piazza Vittorio, nas ruínas de uma antiga vila. Ela é cercada por símbolos e inscrições, e foi construída em 1600 pelo Marquês Palombara. Diz a lenda que um alquimista deu a Palombara a receita para transformar outros metais em ouro, mas ele não conseguia entender o que estava escrito. Então ele escreveu em torno da sua porta, na esperança de que se alguém entendesse, bateria na sua porta.
A Pirâmide de Cestius
Depois da conquista do Egito, tudo que vinha do país entrou na moda. No nosso post sobre as praças de Roma, você pode notar a grande quantidade de obeliscos, tanto originais quanto cópias. Nessa época, duas pirâmides foram construídas em Roma, e uma delas ainda existe. A pirâmide de Cestius foi construída entre 18 e 22 antes de nossa era, como o túmulo para um romano rico.
Viajantes de Roma antiga descrevem a pirâmide por dentro como sendo coberta por afrescos que não sobreviveram aos tempos. Do lado de fora, ela foi incorporada às muralhas de Roma construídas por Aureliano. Por séculos, acreditou-se que ela fosse o túmulo de Rômulo, um dos fundadores de Roma, até que a inscrição foi redescoberta.
Lá perto, no Cemitério Protestante, fica o que Oscar Wilde chamou de o lugar mais sagrado de Roma: o túmulo do poeta Keats. O cemitério também é um santuário para gatos de rua.
As curiosidades da única ilha de Roma
A Isola Tiberina é a única ilha de Roma, e um lugar cheio de curiosidades. É a menor ilha habitada do mundo, e para chegar lá você atravessa a ponte mais antiga da cidade – com vista para outra ainda mais antiga, a Ponte Rotto, ou ponte destruída, em ruínas no rio. Lá você pode visitar uma Basílica do Século X ou ver um festival de cinema, se você visitar no verão.
Aqui teria o local escolhido para fazer um Templo dedicado a Asclépio, o deus da cura. Dizem que no século III, houve uma praga em Roma. Uma delegação teria ido até Epidauros para conseguir uma estátua de Asclépio. Lá, também receberam do templo uma serpente, que se enrolou no mastro, o que foi considerado um sinal de boa sorte. Chegando em Roma, ela nadou até a Isola Tiberina, e eles entenderam que esse deveria ser o local do templo. Até hoje existe um hospital na ilha. Durante a ocupação alemã na Segunda Guerra, judeus foram escondidos aqui, e o diretor disse a SS que eles eram pacientes com uma doença rara e extremamente contagiosa para salvá-los.
Um esgoto milenar e um teatro reutilizado
Uma das maiores construções da Roma antiga foi o grande sistema de esgoto chamado Cloaca Maxima. Ele não tem o charme do Coliseu ou o Fórum Romano, mas é um dos monumentos mais antigo da cidade, construído no século 6 antes de nossa era, e ainda está em uso.
Você pode ver a principal saída da Cloaca Maxima perto do Ponte Rotto.
Lá perto fica o Teatro di Marcello, que teria sido construído por Julio César. Na Idade Média, ele foi transformado em uma pequena fortificação. Hoje, lá dentro existem apartamentos de luxo. Ele é talvez o teatro mais antigo da Itália cuja arquitetura ainda é visível. No verão, ele ganha vida com as Notti Romane, em que concertos de música clássica são feitos em frente ao teatro.
O Circo Massimo e um templo escondido
Hoje pode parecer uma praça vazia, mas o Circo Massimo tem história. Ele era um estádio para corridas e bigas, em estilo Ben-Hur. Como muitos prédios da Roma antiga, ele caiu em desuso e suas pedras foram retiradas para a construção dos palácios das famílias nobres. O obelisco que ficava no centro está hoje na Piazza del Popolo. Hoje em dia, tem uma vista ótima para o Palatino, uma das sete colinas de Roma.
Além disso, debaixo do Circo Massimo fica um antigo Templo de Mitra. Ele foi redescoberto durante as obras fascistas em Roma, e até hoje só pode ser visitado com reserva.
Vários templos dedicados a Mitra foram descobertos pelo antigo Império Romano, mas pouco se sabe sobre esse culto. O culto só estava aberto aos iniciados,. Sabemos que a imagem central era do deus Mitra matando um touro, e que os templos costumavam ser feitos em cavernas.
Eu me perdi
Ao norte do Circus Maximus há uma pequena mensagem afixada na parede. Ela diz “Mi sono perso. XVII-IX-MMX”, ou seja, “Eu me perdi. 17 de setembro de 2010”.
Ela foi colocada pela artista Ruth Baettig, que deixou uma série de placas iguais em Roma e na Sicília, com a data da instalação. A artista diz que quando alguém está perdido, perde o senso de futuro, mas ganha um senso do aqui e agora. Eu gosto dela porque é exatamente o que eu gosto em viajar – descobrir o aqui e agora.
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