Volta ao Mundo em Filmes: Hong Kong – Amor à Flor da Pele

Amor à Flor da Pele, de Wong Kar Wai, é um dos filmes mais bonitos que eu já vi, e foi um dos motivos pelo qual o escolhi para representar Hong Kong no projeto.

A maior parte do filme se passa em Hong Kong, e começa em 1962, quando Chow Mo-Wan, um jornalista, e Su Li Zhen, secretária de uma companhia de frete, alugam apartamentos no mesmo dia e no mesmo prédio. Ambos têm cônjuges com trabalhos que os absorvem, e por isso estão sempre sozinhos nos seus apartamentos. Aliás, os cônjuges são apenas ouvidos, nunca vistos no filme, o que aumenta essa sensação de solidão.

Em vários momentos, eles se esbarram nos corredores no caminho de irem comer sozinhos. É difícil explicar como essas cenas simples, que se repetem com a música fantástica de Shigeru Umebayashi conseguem ser algumas das mais desoladoras do filme. A música é muito forte no filme, assim como as cores, e somos cercados de vermelhos, marrons e amarelos.

Em um momento, eles começam a suspeitar que seus cônjuges estão tendo um caso. Eles tentam entender o que aconteceu, e fazem pequenos teatros sobre como eles podem ter começado o seu caso, e de como poderiam confrontá-los. Se fosse um filme hollywoodiano, nesse momento a gente já esperaria o começo de uma relação entre eles, e a química transborda da tela, mas eles dizem que não querem descer ao nível dos traidores. E a amizade deles também não é tão simples, já que a amizade entre pessoas de sexos opostos é mal vista pela sociedade conservadora.

Amor à Flor da Pele é um filme de amor, mas também de solidão, traição, chances perdidas. Ele seduz e devasta em medidas iguais.

O título original em chinês significa, segundo a wikipédia, algo como a época dos florescimentos, uma metáfora comum na China para a fugacidade da juventude e do amor. Foi o próprio diretor que escolheu o título em inglês, In the Mood For Love, por causa da música de Nat King Cole.

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