Volta ao Mundo em Filmes: Arábia Saudita – Wadjda

Escolher um filme saudita para ver não foi nada difícil. Há alguns anos, saiu Wadjda, o primeiro longa filmado inteiramente no país, e o primeiro filme de uma diretora saudita, Haifaa al-Mansour. Ele venceu vários prêmios internacionais e parecia interessante.

Wadjda é uma menina saudita de 11 anos. Todo dia ela vai para a escola na companhia de um amigo, Abdullah, e sonha em comprar uma bicicleta verde para disputar uma corrida com ele. Mas sua mãe diz que meninas não devem andar de bicicleta, e teme que ela perca a virgindade. Vários outros personagens ecoam esse pensamento: meninas não devem andar de bicicleta e, aliás, não deviam ter amigos fora da família.

Wadjda volta ao mundo em filmes

Wadjda não se deixa abater e começa a vender fitas de música que ela grava, braceletes que ela faz, mas o dinheiro que ela ganha ainda não está perto do que ela precisa. Até que a escola lança um concurso de memorização do Corão com um prêmio em dinheiro. Wadjda, que já ganhou na escola uma reputação de aluna-problema, insubordinada, etc, tem que se comportar como aluna-modelo para poder competir.

Também vemos cenas com a mãe de Wadjda, que tem um trabalho, mas está sempre preocupada com caronas e como chegar lá, já que ela, por lei, não pode dirigir. Nem decidir o que fazer com o dinheiro que recebe. Como ela não pode mais ter filhos, seu marido está sendo pressionado pela família a ter uma segunda esposa.

A diretora do filme disse em uma entrevista que ela teve que passar a maior parte da filmagem dentro de uma van, já que as pessoas na área conservadora em que ela filmava não aprovavam que ela conversasse com homens. E ela teve que conversar com alguns dos atores por walkie talkie, sem chegar perto deles. Não consigo imaginar como alguém nessas condições conseguiu fazer um filme tão esperançoso. 

4 comentários

  1. Vinícius Baroni

    Assisti esse filme recentemente pra gravar um podcast, como já conhecia o seu blog, resolvi checar se era esse o filme da Arábia Saudita.

    Eu gostei do filme, principalmente pela protagonista, a Wadjda é tão obstinada que chega a nos contagiar. E, apesar de vários momentos tristes no filme, terminei ele com um sentimento de esperança.

    1. Julia Boechat

      Oi, Vinícius, tudo bom? Que legal que você veio aqui checar. Eu concordo completamente, achei realmente que foi um filme muito cheio de esperança, apesar de toda a tristeza ao redor da Wadjda. Isso foi ótimo para mim porque a imagem das mulheres sauditas na mídia geralmente é de “pobres coitadas”, e é sempre bom ver algo diferente.
      Seu podcast também é de filmes do mundo? Eu gostaria de conhecer.

      1. Vinícius Baroni

        Concordo contigo sobre essa visão de “pobres coitadas”, até esperava que o filme fosse seguir esse caminho, mas acho que por ser uma diretora saudita ela nos fez conhecer a visão das mulheres de lá, quebrando o estereótipo que eu tinha.

        Nosso podcast fala de filmes em geral, mas por coincidência em 4 programas falamos de filmes de 4 países diferentes.

        https://linktr.ee/xiricast

        Obrigado pela resposta e pelo blog, tento acompanhar sempre que possível 🙂

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