Piazza San Marco: a sala de estar mais elegante da Europa

Dizem que a frase vem de Napoleão, quando ele invadiu o norte da Itália e ocupou o que restava da decadente República de Veneza. Impressionado pela beleza da praça, ele a chamou de sala de estar mais elegante da Europa, e foi lá que mandou construir seu palácio real, no lado oposto à Basílica de San Marco.

Faz sentido que Veneza tivesse um lugar tão imponente, já que durante séculos a cidade comandou um verdadeiro império, com possessões em todo o Adriático e uma rede de comércio que ligava a Europa ao oriente. Cidades como Zadar, na Croácia, Kotor e Perast, em Montenegro, toda a ilha de Creta, na Grécia, o Chipre, Sidon, no Líbano, todas foram dominadas pela República e sofreram sua influência na culinária, na arquitetura e no modo de vida. Eles também cresciam na própria península italiana, dominando cidades como Treviso, Verona e Pádua. Quando Napoleão a invadiu, porém, a República tinha apenas poucos navios e mal lembrava a talassocracia que influenciava toda a Europa. Depois da queda do imperador francês, a cidade passou para o império Austro-Húngaro, e finalmente para o Reino da Itália em 1866.

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Foi na época da República que a praça foi feita, quando, no século XII, resolveu-se aterrar um rio que corria por ali e fazer uma grande praça. Por isso ela é o ponto mais baixo da cidade, e o primeiro a ser inundado quando tem Acqua Alta, e os níveis dos canais sobem.

Pelos venezianos, ela é conhecida simplesmente como a “piazza” já que outros espaços públicos são chamados pelo termo veneziano de campi.

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O Campanile di San Marco é um dos símbolos mais reconhecíveis da cidade. Você pode subir nele (por elevador) para ver a vista da cidade, que é maravilhosa. Uma placa nele comemora o fato que Galileu o usou para demonstrar seu telescópio.

De lá de cima da para ver o domo da Basílica, as arcadas da praça, onde Napoleão queria construir seu palácio real, o palácio do Doge, as ilhas mais próximas e grande parte da cidade.

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A Basilica di San Marco é uma das igrejas mais famosas da cidade e um exemplo de arquitetura ítalo-bizantina. Originalmente ela era a igreja do palácio do Doge, e ainda é conectada a ele. Ela só se tornou a Catedral da Cidade no século XVIII. Ela tem o apelido de Chiesa d’Oro, igreja de ouro, pelos mosaicos opulentos do lado de dentro, que são realmente folheados a ouro.

Os quatro cavalos em cima da Basílica vieram de Constantinopla, quando ela foi saqueada no fim da Idade Média. Depois Napoleão os levou para Paris e os colocou em cima do seu arco do triunfo, mas eles foram devolvidos à cidade com sua queda, e os que ficam em Paris são cópias.

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As fotos do interior foram tiradas da wiki Venezia.

O Palácio do Doge era a residência do Doge, a autoridade suprema na República de Veneza por mais de mil anos. Durante a época da Sereníssima, ele era eleito pela vida entre o Senado, 120 aristocratas também eleitos por outros nobres. Diz a brincadeira que a eleição era feita decidindo quem era o velho mais maldoso da cidade. Outros dez nobres eram eleitos para servir de Conselho, controlando a administração.

Ele tomou a forma atual no século XIII, mas é ainda mais antigo. Do lado do Palácio, você vê as Boche de Leon, veneziano para bocas de leão, lugares onde os venezianos podiam colocar denúncias anônimas. Hoje ele é um museu que tem obras de arte e conta um pouco sobre a história de Veneza.

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Do lado do Palácio fica a famosa Ponte dei Sospiri, um dos lugares mais famosos da cidade. Ela conecta o Palácio com a Prisão Nova, e por isso surgiu o mito de que tem esse nome porque da ponte os condenados viam Veneza pela última vez. Na verdade, mal se dá para ver o exterior da ponte, e quando ela foi construída, o tempo da inquisição e dos julgamentos sumários já tinha passado, e a prisão era ocupada principalmente por pessoas condenadas a sentenças pequenas.

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Na frente do Palazzo do Doge, na chamada pizzetta, fica a Biblioteca Nazionale Marciana, com uma das maiores coleções de textos clássicos do mundo, incluindo quase 3 mil incunabula.

As fotos acima foram encontradas no Pinterest.

Com tanta história, não é de se admirar que a Piazza San Marco seja um lugar que atrai todo mundo que passa por Veneza, e no qual tantos passam grande parte do seu tempo. Quando eu fui a Veneza durante o Carnaval, vi lá muitas pessoas com roupas de outros séculos e máscaras. Lá perto também fica uma das livrarias mais bonitas do mundo, a Acqua Alta.

Além disso, também é de onde saem muitos tours, ou onde você pode pegar uma gôndola ou transporte público para fazer um passeio pelo Canal Grande, como vou contar no próximo post.

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