Algumas lições que aprendi para viajar de forma mais consciente e responsável

Quanto mais eu viajo, mais tem algumas atitudes que me incomodam – inclusive algumas que eu fazia quando comecei a viajar, antes de me conscientizar sobre algumas práticas. Essas são alguns modos sobre os quais eu estava pensando – com a ajuda de amigos viajantes – para viajar de forma mais responsável e consciente. Quem pensar em outra, por favor me conta nos comentários.

 

Aprender sobre a cultura local

Estudando um pouco sobre a cultura local, eu consigo evitar micos (pense naquelas famosas listas sobre modos à mesa e gestos obscenos em culturas diferentes) e evitar ofender alguém sem querer. Também pode me ajudar a não passar raiva. Aquela pessoa foi super rude comigo? Às vezes na cultura dela não. Então relativizo. Também pode me ajudar a aproveitar melhor a viagem, a ter uma experiência de imersão, e mesmo a refletir sobre sua própria cultura. Perceber que em outros países não se escova os dentes 5-6 vezes por dia, o povo acha um absurdo comer a cada três horas e encarar alguém não é falta de educação é uma curiosidade a princípio, mas pode te fazer questionar o que é normal.

 

Aprender um pouco da língua

Os franceses têm a fama de serem chatos. Se você chegar falando inglês sem nem um bonjour, dizem que eles não respondem. Mas não sei como essa fama pegou só para eles, porque já vi gente fazendo isso em dezenas de países, inclusive o Brasil. Mesmo nos países em que as pessoas respondem educadamente às perguntas em inglês, elas gostam bastante.

Em Amsterdam, Praga e Istambul ganhei sobremesas grátis, drinks e descontos em restaurantes só porque tinha tentado falar um pouco da língua. Em Cracóvia, ganhei vários drinks quando me perguntavam se eu tinha ido a Varsóvia, eu respondia em Polonês “Varsóvia? Nunca ouvi falar?” – as cidades tem uma rivalidade famosa. E em vários lugares as minhas tentativas de falar um pouco foram a origem de conversas, gentileza e um contato um pouco maior com os locais.

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Se um artista de rua me fez parar, eu devo dinheiro a ele

Eu sou estudante e viajo dura, com orçamento mínimo. Mas acho que não é motivo para não valorizar o trabalho de artistas de rua. E se vou tirar vantagem disso tirando fotos ou filmando, eu considero que devo dinheiro. Depois que me pararam e me fizeram pensar que to me aproveitando do trabalho deles, achei justo e agora sempre contribuo.

 

Free Walking Tours tem esse nome mas não são grátis

Eu sei, tá escrito Free. Mas devia ser chamado “tour sem compromissos financeiros”, porque na verdade é bem isso. Se eu acho que tá péssimo, não me importo em ir embora antes ou pagar bem pouco. Mas se gostei, sei que tenho que pagar e não pode ser só algumas moedinhas, ou estou dando prejuízo para o guia. Não para a empresa, para o guia, pessoalmente. A empresa recebe do guia pelo tanto de gente que aparece no início do tour. Foi isso que aprendi com guias de mais de uma companhia famosa, que me contaram como tudo funciona depois do tour.

Quer saber mais? Leia aqui em Como Free Walking Tours realmente funcionam.

 

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Não é em qualquer lugar que dá para tirar fotos

Tem lugares onde não dá para tirar fotos, como cerimônias religiosas e qualquer lugar que peça para não tirar fotos. Sei que tem lugares onde isso não faz sentido se você não vai usar flash, mas se estão pedindo, melhor respeitar.

E tem lugares onde você não pode tirar qualquer foto. Campos de concentração e cemitérios, por exemplo, são lugares onde geralmente você pode tirar fotos, mas não deve tirar selfies ou fotos de brincadeira. Sim, tem gente que faz isso.

 

Não tirar fotos a cada dez segundos

Tento sempre parar um pouco e aproveitar o lugar. Melhor ficar meia hora parada olhando um lugar que me interessou do que olhar uma foto depois e pensar “nossa, incrível. Onde era mesmo?”

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Turistas tirando fotos da Mona Lisa, do site Techly

Pesquisar qualquer atração com animais

Não é que toda atração com animal deve ser evitada, mas toda atração que tem animal deve ser motivo de séria reflexão e pesquisa. Eu não quis ir ao Zoológico de Lujan, na Argentina, onde você entra nas jaulas dos animais, porque eu tenho certeza que eles são dopados. Depois me falaram que todo zoológico é problemático, e fez sentido.

Andar de elefante é algo que parece tão legal nos filmes, mas depois que você lê sobre os anos de tratamento cruel a que eles são submetidos para aceitar levar alguém nas costas, e como isso está contribuindo ativamente para a sua extinção, fica óbvio que não dá para fazer.

O Trip Advisor não vende mais ingressos para atrações com animais que nasceram em liberdade, embora ainda venda ingressos para atrações com animais que nasceram em cativeiro, então há uma tendência de repensar essas atrações.

 

Idem para Atrações com gente

Tem atrações com pessoas que parecem um safári humano, como as de pessoas sendo levadas em favelas em jipes. Tem até a roupa cáqui e a câmera no pescoço.

Essas são algumas coisas nas quais eu penso antes de me decidir por uma atração: uma atração baseada na pobreza não está motivada a acabar com a pobreza, saber onde o dinheiro está indo, e qual é a atitude da população local em relação à essa atração.

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Não colocar cadeados em pontes

Sei que tem a história bonitinha e tudo, também já fiz antes de saber mais sobre isso, mas aí uma grade da Pont des Arts caiu no rio. Nenhuma ponte é feita para aguentar uma grande quantidade de cadeados, que em alguns lugares chegam a toneladas, e centenas de chaves jogadas em um rio por dia causam séria poluição. Repensei que o que fiz não foi tão inofensivo quanto eu pensava.

 

Usar transporte público

Aqui não e só a questão de economizar. A gente geralmente começa uma viagem para fora viajando de avião, que tem uma pegada de carbono enorme, então o que pudermos fazer para não aumentar ainda mais isso é ótimo. Em uma viagem curta, prefiro me deslocar de trem ou ônibus, se possível. Até porque uma viagem de uma hora de avião não é uma hora, tem também o tanto que você devo chegar mais cedo no aeroporto, o deslocamento para o aeroporto de saída e do de chegada, e no final uma viagem de seis horas de trem pode ser bem menos trabalho.

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Comprar em lojas locais

Continuando na questão de melhorar a pegada de carbono, lembre-se que produtos também devem ser transportados para as lojas, então tente comprar produtos locais. Também é bom para a saúde, no caso da comida (olho restaurantes 0km na Itália, em que os pratos tem que priorizar ingredientes locais e sazonais), faz com que eu conheça a cultura local, e pode ser bom para o meu bolso.

 

Reutilizar garrafas de água e sacolas de compras

Mais formas de evitar desperdício: levo minha garrafa de água e sacola de compras. Ambas existem em versões dobráveis que ocupam pouquíssimo espaço quando vazias, e quebram o maior galho além de, de novo, serem também uma economia de dinheiro.

 

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