Como Berlim se lembra do Holocausto; parte 1 – Memorial do Holocausto

Em Berlim, por todo o lado você se lembra do Holocausto. Eu acho isso incrível. Todo país tem grandes crimes no seu passado, mas poucos são os que fazem tanta questão que isso não aconteça de novo. Nos Estados Unidos, eles têm um grande museu em Washington para lembrar do Holocausto, que aconteceu em outro continente, mas nenhum para lembrar a escravidão, o genocídio de populações nativas, a segregação racial. No Brasil, não temos um Museu da Escravidão ou um Museu da Ditadura Militar.

Decidi fazer alguns posts dedicados aos lugares que tentam preservar a memória e que sabem que o que aconteceu pode acontecer de novo, e que devemos impedir isso. Esse é o primeiro deles, o Memorial para os Judeus Assassinados na Europa. Não deixe de ler também o segundo, que fala do museu judaico, e o terceiro, que conta a história das pedras de tropeço, da praça onde os nazistas queimavam livros e outros lugares.

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No início dos anos 2000, houve uma polêmica em Berlim sobre o que deveria ser construído para lembrar o Holocausto. Alguns diziam que o transporte público  para o campo de concentração de Sachenhausen devia ser gratuito, mas os contrários a essa idéia diziam que quem vai a um campo de concentração já quer lembrar, e a cidade precisava de algo que lembrasse quem tinha essa intenção e quem não tinha. Então decidiu-se por um Memorial do Holocausto, que seria construído bem no centro da cidade. O arquiteto Peter Eisenman foi além, e decidiu-se pelas 2711 estelas de concreto esperando justamente pensando que elas poderiam ser atravessadas como atalho, que as pessoas poderiam fazer piquenique ou pixá-las, e assim o Holocausto não seria lembrado só nas “épocas de lembrar”, nas ocasiões solenes. Ele seria lembrado sempre.

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Isso não foi bem o que aconteceu, as estelas depois foram cobertas com tinta anti-pixação e não consigo imaginar ninguém fazendo um piquenique por lá. Mas eu vi algumas pessoas, principalmente crianças, correndo e brincando entre as pedras, o que teria agradado o arquiteto (mas desagrada muita gente). Ele também pretendeu que fosse uma obra que cada um pudesse interpretar o monumento de uma forma diferente. Andando pelos caminhos, que são cheios de subidas e descidas, ele me lembrava do cemitério judeu de Praga.

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O Museu continua polêmico. Algumas pessoas apontaram que o Memorial não significa nada até que você leia e placa. Outros falam que a descrição é muito vaga. Ele diz Memorial para os Judeus Assassinados na Europa. Não fala “pelo regime de Hitler”. Algumas pessoas brincam “então inclui os judeus assassinados pelas amantes?”. Não fala das outras vítimas do holocausto, os roma (popularmente chamados de ciganos), homossexuais, comunistas, dissidentes, resistentes, pessoas com deficiência. Esses foram honrados depois, em outros monumentos.

Outros gostam justamente desses aspectos da obra. Falam que isso faz com que visitantes aleatórios podem se decidir a entrar no museu curiosos pelo instalação em cima. Assim ele não atrairia somente as pessoas que já queriam ir a um museu.

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No andar de baixo, fica um museu com informações. Lá dentro, você entra no Quarto das Famílias, em que eles contam o que aconteceu com 15 famílias judias de países diferentes que passaram pelo Holocausto, e o Quarto dos Nomes, em que os nomes das vítimas da Shoah são projetados na parede, entre outros. A entrada é gratuita, e é para mim um dos museus imperdíveis na cidade.

Clique aqui para ler mais sobre a Alemanha.

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Ou clique na imagem para ler mais sobre os lugares que eu visitei que nos lembram a história da Segunda Guerra

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