O monastério de Ostrog: uma peregrinação acidental

Eu e minha amiga saímos do trem uma parada depois da cidadezinha de Ostrog, olhamos para um lado e depois para o outro. Nós estávamos no meio do nada, e nenhum sinal indicava a direção para o monastério que a gente queria visitar. Dois peregrinos passaram por nós e perguntaram em sérvio se precisávamos de ajuda. Um deles falava inglês, e disse que eles eram voluntários indo para o monastério e que podíamos seguir com eles. Eu perguntei “é cerca de meia hora daqui, né? Foi o que falaram para a gente em Podgorica”. Ele pareceu um pouco confuso, achei que não tinha entendido bem, mas depois confirmou. Três horas de caminhada depois, chegávamos à primeira parte do Monastério. Ele disse que não quis desanimar a gente com a verdade.

900 metros acima do vale do rio Zeta, fica o Monastério de Ostrog, construído em duas cavernas de Montenegro. Um dos lugares mais sagrados para os ortodoxos dos Bálcãs, eles recebem em torno de cem mil visitantes por ano.

A primeira parte do Monastério, conhecida como Monastério de baixo, é conhecida pelos afrescos nas paredes da Igreja da Santíssima Trindade. Se você está subindo a pé, pode parar aqui para encher sua garrafa de água ou fazer um piquenique, como nós fizemos. Lá você também encontra a Igreja de São Stanko, o Mártir. Lá ficam as suas mãos, consideradas milagrosas porque nunca entraram em decomposição.

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Finalmente, depois de mais meia hora de escadas, chegamos ao Monastério de cima, conhecido como o Milagre de São Vassili, porque ninguém entende como ele foi construído. Ele vem de 1665, em duas grandes cavernas, depois que um monastério para o mesmo santo foi destruído perto de Trebinje, na Bósnia. Diz a lenda que ele escolheu um lugar tão isolado para que ninguém ameaçasse a paz dos monges de novo.

Afrescos foram pintados no Monastério seguindo o relevo das paredes. Lá crescem uvas que tem a reputação de ajudar mulheres que querem ter um filho.

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No último nível você pode ver um dos chamados milagres de São Vassili, uma bomba nazista que foi jogada lá, mas nunca explodiu.

Depois de voltar para Podgorica, minha amiga ligou para a menina que tinha explicado como chegar lá e reclamou que era muito mais longe do que ela tinha dito. Ela disse que para parar perto do Monastério você tem que pegar um dos ônibus turísticos, não o trem.

A diferença de tempo de caminhada é grande, mas a diferença de preço também é – nos pagamos 90 centavos de euro pelo trem em cada direção, com desconto para estudantes, e você pode esperar pagar em torno de 20 euros pelo ônibus.

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Nem eu nem minha amiga estávamos muito interessadas no aspecto religioso do prédio – eu sou atéia e ela é muçulmana – nós só queríamos ir lá porque parecia incrível. E foi realmente um dos nossos lugares preferidos em Montenegro. E ela é de lá, então conhece bem o país. Mas acabou sendo irônico que por um erro de comunicação chegamos ao Monastério por esse caminho tão longo – o dos peregrinos.

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Atenção! O monastério é ortodoxo e existe um dress code. Você deve cobrir os ombros e joelhos para entrar. A maioria das mulheres também cobre a cabeça com um lenço, o que é considerado respeitoso. Nós levamos lenços para usar.

Eu fui ao Monastério como day-trip a partir de Podgorica, a 50 km, mas muita gente dorme lá. Existem quartos no monastério de baixo e eles colocam colchões em frente ao monastério de cima.

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11 comentários

    1. Julia Boechat

      Oi, Diego, tudo bom? Não é uma escalada, é uma caminhada um pouco pesada, haha. Nada que uma amadora como eu não tenha conseguido fazer. É uma trilha, mas a marcação não é muito boa.

  1. Ana Luisa

    Adorei a história! Vou tentar seguir um dia dia, se for para esse lado do mundo, e deixar as peregrinações para os peregrinos 😂😂😂

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