Split: a vida dentro de um palácio

Se eu falar que a maior atração de Split, na costa da Croácia, é o Palácio de Diocleciano, imagino que a maioria das pessoas vai pensar nas ruínas de um grande palácio, em que você chega, compra um ingresso, passa algumas horas visitando e depois vai ver o resto da cidade. Certamente foi o que eu pensei a princípio.

Mas o palácio de Diocleciano não é um museu e nem o que a gente pensa quando ouve a palavra palácio. É o centro da cidade de Split, com ruas labirínticas, igrejas, restaurantes e até albergues. Quem disse que ter um orçamento de 50 euros por dia te impede de dormir em um palácio?

O imperador Diocleciano é mais conhecido por ter sido o primeiro imperador romano a abdicar do posto voluntariamente. Sentindo-se doente, ele resolveu deixar o poder ao seu sucessor e foi viver sua aposentadoria na costa da Croácia, onde ele tinha nascido. Lá ele construiu um gigantesco complexo, parte palácio, parte fortaleza. O palácio era localizado perto da capital da província, Salona, e no lugar onde existia uma colônia grega chamada de Spalathos.

O palácio dava para o mar, para que o imperador pudesse chegar de navio e entrar direto nos seus aposentos. Ele tinha o seu próprio aqueduto para o abastecer de água fresca e áreas de recreação para os habitantes.

Depois que os romanos abandonaram a região, o palácio ficou abandonado por alguns séculos. Finalmente, no século VII, a população local achou que era hora de formar o movimento Occupy Palácio de Diocleciano. Como não tinha um governo autoritário lá para mandar a PM jogar bomba de fumaça e atirar bala de borracha nos invasores bolivarianos, eles permaneceram por séculos, e foi assim que o palácio virou o centro da cidade de Split.

No século XVIII ele começou a ser estudado e se tornou uma inspiração da arquitetura neoclássica. Ele se tornou um Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco em 1979, mas, ao contrário do que aconteceu em outros monumentos, as pessoas que viviam lá não foram expulsas para que o lugar virasse um museu. Hoje cerca de 3000 pessoas ainda vivem por lá.

O antigo decumanus é hoje a rua Krešimirova, enquanto o cardus é a rua Dioklecijanova. No encontro deles, temos um grande peristilo, um pátio formado por colunas. Em um dos lados do peristilo, fica uma esfinge de 1500 antes da nossa era. É um dos lugares mais impressionantes de Split.

Em 1968, estudantes de Split pintaram as pedras de vermelho, no que ficou conhecido como “peristilo vermelho”. A cor era uma referência à cor do comunismo e à cor das elites políticas na Iugoslávia socialista, que eles viam como ultrapassadas. Em 1998, o artista Igor Grubić comemorou o aniversário de 30 anos do peristilo vermelho pintando-o de preto, a cor da extrema direita que tinha dominado o país na década de 90. As duas intervenções tiveram a mesma resposta das autoridades: classificar de vandalismo e pronto.

Peristilo Split

Lá fica o antigo mausoléu de Diocleciano, o perseguidor dos cristãos, que é hoje, ironicamente, uma igreja católica, a Catedral de São Domnius. Do outro lado, você vê um batistério, onde era o templo de Júpiter. Diocleciano acreditava ser uma reencarnação desse deus.

Para seguir em direção à orla e ao portão de bronze – os quatro portões do palácio tem todos nomes de metais – eu fiz questão de passar pelos dois caminhos, muito diferentes um do outro. O primeiro foi pelo subterrâneo, onde ainda existe um mercado e onde foram filmadas cenas de Mereen em Game of Thrones, e o segundo foi pelo vestíbulo, um domo aberto. O vestíbulo é onde as pessoas aguardavam para serem recebidas pelo imperador, e nos anos 90 era conhecido como lugar de prostituição e de usuários de drogas. Até hoje tem o apelido de kenjara, o buraco de merda.

Buraco de merda Split

O palácio não chega mais ao mar, depois de anos de mudanças climáticas, então hoje você tem que passar pela Riva, a orla moderna. É um ponto de encontro da cidade e frequentemente descrito como a antessala do palácio, mas eu não recomendo comer por lá, achei os restaurantes muito caros. Aliás, se você quer comer algo que não seja uma fatia de pizza, recomendo que você saia do palácio.

Se você está interessado na época romana, vale a pena sair do palácio para visitar o Museu Arqueológico, cheio de artefatos de Split e de cidades próximas. Outra opção é fazer um day-trip para as ruinas de Salona, a antiga capital da província. Perto de Split também pode-se visitar a fortaleza medieval de Klis e a cidade do renascimento de Trogir. Leia sobre os três lugares no próximo post.

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8 comentários

  1. BOLSOMITO 2018

    ESQUERDINHA DE MERDA PTRALHA QUERO VER SE FOSSEM OCUPAR A SUA CASA SUA BURRA
    FICA CHINGANDO A PM E INDO PARA A CROACIA TEM QUE IR E PARA CUBA PASSAR FOME PARA VER O QUE QUE E BOM
    BOLSONARO 2018 VAI TE MOSTRAR O QUE QUE E BOM

    1. Julia Boechat

      Vou ter que responder isso em itens:
      1) Ocupar o meu apartamentinho me parece um pouquinho diferente de ocupar um palácio que tá vazio há alguns séculos. Mas se você quer montar um Occupy o 401, boa sorte.
      2) Xingar é com X de Xuxa, migo.
      3) Pontuação é algo comunista que tá disponível para todo mundo sem custo, sem imposto, sem meritocracia, mas pode usar também.
      4) Tenho que ir para Cuba mesmo, morro de vontade. Mas infelizmente meu Bolsa-Família tá atrasado, então tá difícil comprar a passagem aérea. Porque você e seus amigos Bolsominions não se juntam para pagar minha viagem?
      5) Se o Bolsonaro for eleito, aceito passagem só de ida.

    2. Anônimo

      Sr. Bolsomito 2018, jura que vc existe?…faz um favor para a humanidade?…NÃO SE REPRODUZA, USE CAMISINHA…kkkkkk

  2. Camila

    “Finalmente, no século VII, a população local achou que era hora de formar o movimento Occupy Palácio de Diocleciano. Como não tinha um governo autoritário lá para mandar a PM jogar bomba de fumaça e atirar bala de borracha nos invasores bolivarianos, eles permaneceram por séculos, e foi assim que o palácio virou o centro da cidade de Split.”

    Cara, to rachando aqui.

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