Três armadilhas para turistas em Moscou: Ismailovski, Rua Arbat e Bunker 42

Moscou tem um bom número de amadilhas para turistas. E algumas, mesmo sabendo, não resisti a visitar, como o mausoléu do Lenin (eu fui na primavera e mal tinha fila, então acho que vale a pena. Quando a fila chega a horas no verão, não vale nem um pouco). Outras já tinha lido que eram assim, mas eram lugares convenientes perto de outras coisas que eu queria visitar, como a Rua Arbat. De qualquer jeito, resolvi fazer um post sobre os lugares que eu não recomendo em Moscou, e o que eu acho que vale a pena fazer no lugar.

Ismailovski

A fama de Ismailovsky é de ser um mercado divertido, mas acho que está meio ultrapassado. Para começar, o mercado é agora cercado por uma atração kitsch chamada de “palácio do tsar”, uma versão Disney da Rússia. A igreja de madeira no centro é antiga, mas para quê perder tempo com uma igreja cercada de prédios pintados de rosa berrante (a antiga não é a da foto), quando você pode ver as igrejas do parque Kolomenskoye, que incluem uma que é patrimônio da humanidade?

Os produtos já foram tradicionais, hoje são quase todos produzidos em massa na China, e já foram mais baratos, mas hoje a diferença não compensa o tempo de metrô, especialmente se você não vai comprar quantidades industriais de matrioshkas. Dizem que lá ainda tem antiguidades de verdade, mas que você só as vê se chegar domingo de madrugada e competir com especialistas de galerias do centro treinados para diferenciar o trigo do joio. A chance de sair e descobrir que comprou o joio é quase cem por cento, e para a exceção que vai conseguir algo bom, lembre-se que é ilegal sair do país com artefatos com mais de cem anos.

Ismailovski mercado moscou

O que eu faria no lugar: para comprar poucos souvenirs, qualquer lugar serve, e eu usaria o tempo para visitar os parques incríveis de Moscou, como Kolomenskoye, que é patrimônio da Humanidade pela Unesco.

Rua Arbat

Rua arbat moscou

A Rua Arbat é icônica, só para pedestres e tem tradição literária, então parece o tipo de lugar que gosto de visitar. Infelizmente, dez mil pessoas antes de mim pensaram o mesmo, e ela virou a maior armadilha para turistas da cidade. A rua pode ficar lotada, cheia de batedores de carteira, falsos surdos com pranchetas e sósias de Stalin tentando te convencer a tirar uma foto, e cercada por dez mil lojas de souvenirs que vendem as mesmas porcarias feitas na China e redes de restaurantes onde eles te cobram mais do que em outras partes da cidade.

O que eu faria no lugar: de novo, se a idéia é ir em um lugar aberto, melhor curtir os parques de Moscou. Por ser no centro e popular, recomendo o Zaradye, que tem ecosistemas de todas as regiões da Rússia e uma ponte em cima do rio Moskva. Além disso é perto de Kitai Gorod, a região que cerca o Kremlin e que tem muitos prédios históricos.

Bunker 42

Depois de ler sobre o Bunker 42, aparentemente um antigo Bunker soviético transformado em Museu da Guerra Fria, tive vontade de visitar. A vontade diminuiu muito quando vi os preços, porque eles são ridículos, muito mais caro do que qualquer atração na Rússia, com os bilhetes mais baratos bem acima de 30 euros. Aí comecei a pesquisar mais e vi relatos de guias sensacionalistas, mas que não entendem muito da história por trás da época (e fazem afirmações sem nenhuma evidência, como falar que autoridades soviéticas estavam nesse bunker durante a crise dos mísseis de Cuba), e onde você passa a maior parte do tempo vendo um vídeo e subindo e descendo escadas. Eles também tem tours privados sobre “educação patriótica” em que eles ensinam jovens a montar e desmontar um AK-47. Eu decidi que isso era tudo que eu precisava saber sobre o lugar, e que ia conseguir evitar pelo menos uma das armadilhas da cidade.

O que eu faria no lugar: Para conhecer a história da guerra fria por outra perspectiva, eu recomendo o Museu dos Cosmonautas e o VDNKh, ou, para o lado mais sombrio, mas em um lugar com pesquisa histórica séria, o Museu do Gulag.

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