Monopoli é mais conhecida como uma cidade de praia, algo que só poderia acontecer na Itália. Não que eu esteja desprezando, porque ela tem um mar turquesa que merece a reputação, mas é que como brasileira me chama muito mais a atenção ela ter milhares de anos, templos romanos convertidos em igrejas, igrejas em cavernas. Talvez para os italianos as praias chamem mais atenção porque eles têm tantas cidades milenares, mas eu não queria perder a chance de ver esses dois lados de Monopoli.
Eu comecei a visita com duas Igrejas rupestres, ou seja, construídas direto na rocha em cavernas. Eu tinha acabado de chegar de Matera, onde tinha visto várias assim, e isso só tinha me dado vontade de ver mais. Comecei com duas das mais famosas, a Chiesa rupestre Madonna del Soccorso e a Santa Maria Amalfitana. Gostei especialmente de Santa Maria Amalfitana, porque é uma igreja em várias camadas. Você entra em uma igreja mais comum, desce um lance de escadas, e vê a igreja construída direto na rocha, mais antiga. Diz a lenda que ela foi construída por um grupo de marinheiros que vinha de Amalfi e que tinha quase se afogado em um naufrágio, e que prometeram construir uma capela se fossem salvos.
Depois passei para o Porto Antico. A cidade é ocupada desde 500 anos antes da nossa era, pelos Messápios, a população que vivia na área antes da sua conquista pelos romanos. Ela continuou existindo através dos séculos, sempre como um porto fortificado. O atual foi construído em cima de camadas e camadas que já existiam.
Nesse ponto que comecei a pensar em como a cidade estava vazia. Era novembro, tinha sol mas um vento gelado – aliás, Monopoli também conhecida pelos ventos. E mais um ponto positivo por ela ser conhecida como cidade de praias e eu estar lá no inverno: quase não tinha turistas e tava ótimo para ficar caminhando pelas ruas.
Na ponta do Porto fica o Castelo de Carlos V, construído na época da dominação espanhola no sul da Itália. Hoje ele é um centro cultural. Quando eu passei por lá, ele estava tendo um festival literário com autores dessa região italiana, a Puglia.
Depois fui andando pela costa, cheia de ruínas de antigas torres.
E finalmente cheguei na Cala Porta Vecchia, o cartão-postal, onde para a minha surpresa tinha gente nadando mesmo com o vento gelado. Quase mineiros achando que tá na praia, o tempo não importa.
Entrei de novo no centro para visitar a Cattedrale di Maria Santissima della Madia, construída sobre um templo pagão dedicado a Maia e Mercúrio. Tem um passeio lá dentro, o Museo della Cripta di Romualdo, que passa por todas as épocas da cidade desde que ela era uma vila na idade do bronze, dezesseis séculos antes da nossa era.
Em uma cidadezinha antiga e charmosa, na verdade o que eu passei a maior parte do dia fazendo foi andar sem rumo, encontrando praças, igrejas e ruazinhas estreitas. Monopoli é conhecida como a cidade dos mil bairros, e cada um deles é minúsculo, com nomes que se referem muitas vezes a prédios desaparecidos desde a Idade Média. Mesmo assim não chegam a cem, ao contrário do nome superlativo. Mas fazem com que a gente fique imaginando se os lugares que deram para eles os seus nomes ainda estão lá ou não.
Para quem tá de carro, Monopoli também é conhecida por estar cercada de masserie, fazendas fortificadas que geralmente tem agroturismo e onde se come muito bem. Mas esse foi o passeio por Monopoli.
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